29 de Março de 2019
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A FS Bioenergia - joint venture entre o americano Summit Agricultural Group, do bilionário Bruce Rastetter, e a mato-grossense Tapajós Participações - pode se tornar uma das três maiores produtoras de etanol do Brasil utilizando o milho como matéria-prima. Trata-se de um feito que, até poucos anos, seria impensável em um país que é conhecido pelo etanol de cana-de-açúcar.
Com o objetivo de ampliar a produção de etanol, a FS Bioenergia investirá R$ 1 bilhão para erguer sua terceira usina. A unidade, em Nova Mutum (MT), começará a ser construída em maio, afirmou ao Valor o CEO da FS Bioenergia, Rafael Abud.
O investimento ocorre após a conclusão da duplicação da usina de Lucas do Rio Verde (MT) - a primeira da companhia. A FS Bioenergia ainda está construindo sua segunda usina, em Sorriso (MT), e já adquiriu terrenos nas áreas industriais de outros dois municípios de Mato Grosso - Campo Novo do Parecis e Primavera do Leste - para erguer mais duas usinas nos próximos anos, afirmou o executivo.
A usina de Nova Mutum seguirá o padrão "ideal" que a companhia encontrou para produzir etanol no Centro-Oeste: uma capacidade de processar 1,3 milhão de toneladas de milho por ano para fabricar 530 milhões de litros de etanol. A unidade ainda terá capacidade para produzir até 340 mil toneladas de farelo de milho - os Distillers Dried Grains (DDG), subproduto do processamento - e até 17 mil toneladas de óleo de milho ao ano.
O forte e rápido avanço da FS Bioenergia em Mato Grosso tem como base a aposta em uma disparada da demanda por etanol no país, tanto pelo otimismo com o comportamento da economia como pelo cenário prometido pelo programa RenovaBio, que remunerará as usinas proporcionalmente à sua capacidade de mitigação de emissões ante a gasolina. "Estamos olhando no longo prazo um movimento estrutural importante a favor do biocombustível com o RenovaBio", afirmou Abud, que também é gerente geral da Summit Agricultural no Brasil - os americanos detêm 75% da FS Bionergia.
"Estamos convictos de que toda a oferta adicional de etanol, que deve ser de até 14 bilhões de litros em dez anos, virá do etanol de milho", argumentou Abud, apostando na maior competitividade do grão ante a cana, a matéria-prima tradicional para a produção de biocombustível no país.
Abud ressalvou que o tamanho das próximas usinas e o momento dos investimentos também dependerão do desempenho da economia. O plano é construir no máximo duas usinas concomitantemente. Por isso, as obras de uma quarta planta só devem começar quando a unidade de Sorriso terminar, o que está previsto para fevereiro de 2020.
A perspectiva, diz, é repetir os modelos em construção. Isso significa que, se concluir as cinco usinas, todas com o mesmo tamanho, chegará em 2023 com uma capacidade de produzir 2,6 bilhões de litros de etanol ao ano, tornando-se uma das três maiores empresas em capacidade de produção de etanol do país.
Como nas duas obras anteriores, o aporte em Nova Mutum será financiado "em boa parte" com o próprio caixa e em parte com novos empréstimos, disse Abud. Aportes diretos dos sócios não estão previstos e só ocorrerão "se necessário", ressaltou.
O primeiro balanço da FS Bioenergia de um exercício fiscal inteiro (encerrado em 31 de março) deverá ter receita de R$ 700 milhões. No novo exercício, o resultado deve incorporar a produção da usina de Lucas do Rio Verde já duplicada e operando "a plena capacidade", afirmou Abud, que também está otimista com a demanda por etanol das regiões Norte e Nordeste.
Valor Econômico – 29/03/19
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