Notícias

Geração eólica da Echoenergia pode atingir 1 GW em 2018

13 de Agosto de 2018

Notícias

A Echoenergia, braço de investimento em projetos de energia eólica no Brasil criado há pouco mais de um ano pelo fundo britânico Actis, caminha para atingir a marca de 1 gigawatt (GW) em projetos na carteira ainda neste ano. Para se ter uma ideia do desafio, como o mercado eólico é muito pulverizado, a maior companhia do setor no Brasil é a CPFL Renováveis, que tem aproximadamente 1,3 GW na fonte eólica.

Atualmente, a Echoenergia tem 650 megawatts (MW) em operação e 50 MW em construção. Além disso, a companhia fechou um acordo para construir um parque de 100 megawatts (MW) no Rio Grande do Norte. O grande diferencial do projeto é que ele não tem um contrato de compra (PPA, na sigla em inglês) firmado por leilão com distribuidoras, e será destinado ao mercado livre de energia.

Para viabilizar a obra no mercado livre, a Echoenergia firmou um contrato com um grande consumidor de energia, com duração de 10 anos a partir de 2020, quando o ativo deve entrar em operação. Por razões confidenciais do contrato, o nome do cliente não pode ser revelado.

"O mercado livre é novo e diferente do que estamos acostumados no setor de energia eólica. A medição é mensal, e há o risco adicional de que, se você não gerar o contratado, fica exposto ao preço spot", explicou Edgard Corrochano, presidente da Echoenergia. Por isso, para esse projeto, a companhia fez uma intensa análise de dados para escolher o projeto com maior nível de eficiência e menor risco. O financiamento está sendo negociado com o Banco do Nordeste (BNB), que oferece uma linha específica para esse tipo de projeto.

A busca por um cliente também foi complexa, pois uma exigência era que fosse um consumidor com rating de crédito "AAA" e com o consumo no Nordeste, para não haver risco de diferenças de preços entre submercados. As características do mercado livre tiveram reflexo no preço do contrato, que saiu em um patamar superior ao dos últimos leilões de energia. "O projeto para o mercado livre precisa ser o melhor, com rápidas obtenção de financiamento e construção", completou.

A Echoenergia já negocia outro contrato de longo prazo de venda de energia no mercado livre, de um projeto que terá 170 MW de potência. A expectativa da companhia é assinar o acordo já no próximo mês.

Os 270 MW de potência fazem parte de 500 MW em projetos desenvolvidos por outra empresa (também confidencial) adquiridos pela Actis nos últimos meses. Com isso, restarão 230 MW na carteira da companhia. Parte dessa energia está habilitada para o leilão de geração marcado no fim do mês, mas a participação da companhia vai depender dos preços negociados. A Echoenergia chegou a se habilitar para os últimos leilões de energia eólica, mas os preços muito baixos, na faixa de R$ 100 por megawatt-hora (MWh), afastaram a companhia. "Para nós, esses preços não funcionam, queremos gerar valor", disse.

Para o próximo leilão, o desafio é ainda maior, uma vez que os contratos serão por "quantidade", com medição mensal, no lugar de anual, aumentando os riscos para os investidores. Segundo Corrochano, isso aproxima ainda mais os contratos do mercado regulado com os do mercado livre, exigindo mais conservadorismo e maiores taxas de retorno. "Esperamos que as mudanças sejam quantificadas nos preços", disse.

Esses não são os primeiros investimentos da Echoenergia neste ano. Em abril, a companhia comprou 216 MW em projetos em operação e outros 138 MW em construção. Parte das obras já foi concluída, restando apenas 50 MW em ativos na Bahia e Rio Grande do Norte. A companhia não releva de quem adquiriu os projetos, mas o Valor apurou que a vendedora foi a espanhola Gestamp.

"Nossa ambição é chegar a 1,5 GW, temos recursos do acionista para isso", disse Corrochano. De acordo com o executivo, a Actis já investiu mais de R$ 2 bilhões por meio da companhia, que também busca outras soluções de financiamento no mercado para as expansões planejadas.

A Actis, gestora com atuação em mercados emergentes e voltada para investimentos em energia e setor imobiliário, lançou a Echoenergia em abril de 2017. A primeira grande aquisição da eólica foi anunciada em maio do ano passado, quando a companhia comprou dois complexos eólicos da Casa dos Ventos, somando 346 MW de potência já em operação.

O veículo foi criado a partir de um fundo de US$ 3 bilhões captado em 2017. Os recursos levantados também tiveram como destino a Atlas Renewable Energy, que nasceu com a aquisição dos ativos de energia solar da SunEdison, inclusive 200 MW em projetos ainda não desenvolvidos no Brasil. O foco da Atlas é em projetos da fonte solar na América Latina.

A Actis também investe em eólicas no Brasil por meio da Atlantic, comprada em 2013 e que hoje tem 642 MW em ativos.

Fonte: Valor Econômico

Veja também