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Gestores de indústrias mineiras reduzem expectativas

21 de Dezembro de 2016

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A instabilidade política que toma conta do País, associada à queda do nível de atividade da indústria mineira, vem minando cada vez mais as expectativas dos empresários do setor no Estado. Se antes a melhora gradativa no indicador era responsável por, de alguma forma, trazer incentivo à retomada da economia local, agora ele parece retratar a decepção dos gestores. Pesquisa Sondagem Industrial divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostra que, em dezembro, todos os índices que compõem as expectativas do setor para os próximos seis meses apresentaram deterioração.

A perspectiva do empresário quanto à demanda atingiu neste mês a marca de 46,9 pontos, sinalizando que a indústria mineira, de modo geral, crê em uma queda na procura por seus produtos no primeiro semestre do ano que vem. Desde junho esse indicador não figurava abaixo da linha dos 50 pontos, que separa a projeção de recuo da previsão de aumento. O maior pessimismo entre as empresas de pequeno (42,9 pontos) e médio  (44,9 pontos) portes foi fundamental para o resultado.

E se a procura é menor, fica difícil manter o nível de emprego. Sendo assim, para os gestores entrevistados, deve haver mais demissões no setor no primeiro semestre de 2017, como mostram os 45,5 pontos apurados. Nos últimos três meses, porém, o índice tem se mostrado relativamente estável, o que traz um alento diante do cenário nacional de alto nível de desemprego.

Já a compra de matéria-prima deve continuar recuando (45,9 pontos), assim como a quantidade de produtos exportados, conforme o indicador de 47,7 pontos apurado no mês. A retração na taxa de exportação, aliás, foi de 3,4 pontos quando comparada à verificada em novembro, influenciada principalmente pelas indústrias de pequeno e médio portes, com 35 e 47,2 pontos, respectivamente. A intenção de investimentos permaneceu estável (44,1 pontos), após dois meses de alta.

“Isso é reflexo não somente da instabilidade política do País, mas dos indicadores do nível de atividade, que mostram um desaquecimento do setor. Essa combinação acabou influenciando as expectativas negativas para os próximos seis meses”, explica a economista da Fiemg, Annelise Fonseca.

Em novembro, o índice de produção da indústria registrou 49,1 pontos, o que representa estabilidade. Entretanto, os outros indicadores de atividade do setor não tiveram o mesmo comportamento e continuaram sinalizando queda. O emprego ficou em 45,7 pontos, retratando demissões no setor entre outubro e novembro. A utilização da capacidade instalada efetiva seguiu abaixo do usual, com 38,3 pontos, mostrando alta ociosidade da indústria local. Os estoques, com 49,1 pontos, fecharam o período dentro do planejado.

Segundo Annelise  Fonseca, para reaquecer a economia brasileira são necessárias não apenas as medidas recentemente anunciadas pelo governo federal, como também a aprovação de reformas estruturais.

“O governo busca trazer um cenário mais favorável para a retomada da atividade. No entanto, os empresários não têm se mostrado confiantes ainda. E precisamos que esses fatores andem juntos. O pacote de medidas anunciado não tem retorno em curto prazo e só vai funcionar junto de ações como a execução da reforma previdenciária, fiscal, e a retomada da confiança dos empresários”, conclui.

 

(Fonte: Diário do Comércio – 21/12)

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