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Grupo Ultra vê início de melhora em combustíveis

15 de Maio de 2020

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Depois da queda de 30% nos volumes de distribuição de combustíveis com o avanço da covid-19 no Brasil, a partir de meados de março, a Ultrapar, dona da Ipiranga, percebeu nos últimos dias alguma melhora na demanda. Ainda assim, o cenário permanece incerto e as projeções para os resultados em 2020, que caminhava para ser um ano de virada, foram suspensas apesar das indicações de desempenho positivo para quase todos os negócios do grupo no trimestre em curso.

Segundo o presidente do Ultra, Frederico Curado, todos os negócios - Ipiranga, Oxiteno, Ultragaz, Ultracargo e Extrafarma - apresentaram boa performance no primeiro trimestre, embora o resultado da distribuidora de combustíveis tenha sido pressionado pela abrupta desvalorização do petróleo, que gerou perdas de estoque da ordem de R$ 100 milhões.

No período, o lucro consolidado de R$ 169 milhões e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 880 milhões vieram acima do esperado pelo mercado. “Tivemos um bom primeiro trimestre, em linha com as expectativas”, afirmou.

Até março, lembrou Curado, o grupo vinha com expectativa positiva para os resultados em 2020, mas, diante das incertezas quanto à evolução da economia pós-pandemia, optou por retirar as projeções. “Estamos conseguindo atravessar as dificuldades com resiliência e relativo sucesso”, observou o executivo.

Na distribuição de combustíveis, o segmento que mais sofre é o ciclo Otto (gasolina e etanol), devido às restrições de mobilidade urbana, com pressão nas margens, particularmente do etanol. Num esforço para evitar que os revendedores saiam muito debilitados da crise, o grupo está prestando suporte à rede ao flexibilizar contratos ou, indiretamente, ajudando na obtenção de linhas de crédito para capital de giro. No fim de março, a Ipiranga, primeira a lançar um pacote de ajuda dessa natureza, contava com 7,1 mil postos.

De acordo com o diretor financeiro e diretor de relações com investidores da Ultrapar, André Pires, a ajuda aos revendedores foi possível graças às medidas de preservação de liquidez adotadas no início da crise e devem ser suficientes. Ao mesmo tempo em que cortou em 30% os investimentos previstos para 2020, para cerca de R$ 1,2 bilhão, o grupo levantou R$ 1,5 bilhão em novos recursos.

“É uma medida preventiva para termos tranquilidade e assegurar liquidez. Esse reforço de caixa foi fundamental para estabelecer um pacote amplo de ajuda a nossos parceiros na Ipiranga”, comentou Pires. Ao fim de março, o caixa disponível era de R$ 7,2 bilhões. Entre ações sociais de ajuda ao combate da pandemia e iniciativas de apoio à cadeia de valor, o Ultra já destinou R$ 23 milhões.

Conforme o diretor, no início da pandemia, a Ipiranga reduziu as operações de importação de petróleo, com vistas a melhor avaliar as oportunidades de mercado. As operações de trading foram retomadas, com os recentes anúncios de aumento de preço pela Petrobras e há mais oportunidades de arbitragem do que em abril. Ainda assim, parte do efeito negativo da desvalorização do óleo no estoque ficou para o 2º trimestre.

Na Oxiteno, braço de especialidades químicas do grupo, a tendência para o Ebitda é de crescimento na comparação anual. Segundo o executivo, a pandemia de covid-19 deve seguir afetando negativamente a demanda em segmentos específicos, como tintas e óleo e gás, mas há outros mercados que se mantêm aquecidos, como o agro. “O efeito positivo do câmbio e a resiliência da margem unitária em dólar trazem a perspectiva de crescimento do Ebitda.”

Na Ultragaz, para o trimestre em curso, há redução do volume de vendas no segmento granel, especialmente nas médias e pequenas empresas, e elevação na demanda do GLP envasado, com maior consumo nas residências. Diante disso, a tendência para os resultados permanece a mesma observada no primeiro trimestre.

Já na Ultracargo, a expansão da capacidade de armazenamento deve continuar dando suporte a “resultados consistentes”.

Em relação à Extrafarma, Curado comentou que 7% das lojas da rede estão fechadas, uma vez que funcionam em shoppings centers. “Mas a demanda vem até superior à do ano passado nas lojas que estão abertas, o que confirma que a estratégia de fechamento de lojas com baixo desempenho vem dando resultado”, observou.

Sobre o interesse do grupo em refinarias da Petrobras, Curado afirmou que, embora uma eventual operação seja de longo prazo e os fundamentos positivos permaneçam válidos, o momento é de “grande dificuldade em enxergar o que vai acontecer”. “Vai levar alguns meses até que todos consigam enxergar melhor como as condições vão se estabilizar.”

 

Fonte: Valor Econômico - 15/05

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