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Indústria cresce em agosto, mas resultado é concentrado em petróleo, etanol e minério

01 de Outubro de 2019

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Segundo o IBGE, o crescimento em agosto foi o mais intenso desde junho de 2018, mas ficou concentrado em uma das quatro atividades econômicas pesquisadas pelo instituto: a produção de bens intermediários, com alta de 1,4%.

"A indústria cresce mas é um crescimento ainda muito concentrado", diz o gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, André Macedo. 

Apenas 10 dos 26 ramos pesquisados pelo instituto apresentaram alta no mês, em comparação com julho. É o pior desempenho desde maio, quando oito ramos mostraram resultado positivo.

Segundo Macedo, a influência mais importante para o resultado de agosto veio da indústria extrativa, que avançou 6,6%. Foi a quarta taxa positiva após os tombos registrados no início do ano com a suspensão de atividades mineradoras após a tragédia de Brumadinho (MG).

A melhora reflete a retomada das operações em minas da Vale e a redução no número de paradas para manutenção de plataformas de produção de petróleo. Ainda assim, a indústria extrativa está 5% abaixo do patamar de janeiro, antes da tragédia. 

Com o impulso da extrativa, a produção de bens intermediários, que representa 55% da indústria brasileira, subiu 1,4% no mês, em comparação com o mês anterior. 

Também contribuíram para o desempenho o setor de produção de combustíveis e a indústria alimentícia -- nos dois casos, com grande influência de bens intermediários, como a produção de açúcar, disse Macedo. 

Já a produção de bens de capital caiu 0,8% e a de bens de consumo, 0,7% -- com destaque negativo para os bens de consumo duráveis (-1,4%), puxados pela queda na produção de automóveis (-3%), que reverteu a expansão registrada no mês anterior.

"Há um movimento errático na produção de automóveis. Ora com crescimento, ora com queda, em tentativa de adequar a produção à demanda", diz o gerente da pesquisa.

Também influenciaram negativamente os ramos de confecção de artigos de vestuário (-7,4%), máquinas e equipamentos (-2,7%) e produtos farmoquímicos (-2,7%).

"Mesmo avançando em relação a julho, esse resultado está longe de significar uma reversão das perdas do passado", avalia Macedo. Nos oito meses de 2019, em cinco a indústria teve resultado negativo. 

No ano, a perda acumulada é de 1,7%, também com forte impacto dos os efeitos de Brumadinho -- o setor extrativo acumula queda de 10,7%, puxando o setor de bens intermediários a queda de 2,6%. As demais categorias ficaram próximas da estabilidade.

Segundo Macedo, o ambiente de incerteza das famílias e no comércio exterior continua impactando o desempenho da indústria brasileira. "São 12 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, a qualidade do trabalho também é menor. E isso não contribuiu para o aumento da demanda doméstica", afirma. 

Em relação a agosto de 2018, a produção industrial brasileira recuou 2,3%, informou o IBGE. Nesta base de comparação, houve queda em todas as grandes atividades pesquisadas.

Em 12 meses, a indústria registra queda de 1,7%, o que indica perda de ritmo da atividade, de acordo com Macedo. Em julho, o recuo era de 1,3%. Nessa base de comparação, 16 dos 26 setores estão no terreno negativo, o pior espalhamento desde abril de 2017.

"A entrada de agosto nos dá uma ideia de aumento da intensidade de perda da indústria", disse o gerente da pesquisa. "É uma produção industrial que opera abaixo de 2018, acentuando as perdas do início do ano." ​

Fonte: Folha de São Paulo – 1/10

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