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Interesse em rejeitos para gerar bioenergia cresce

17 de Outubro de 2017

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A necessidade de aumentar a oferta de energia somada à preocupação com o meio ambiente têm estimulado o uso de matéria orgânica que sobra de outras atividades econômicas para a produção de biogás ou de energia elétrica (quando a fonte é chamada de biomassa).

A expectativa dos empreendedores é que ocorra nesse segmento o crescimento que já aconteceu com outras gerações alternativas. Entre os materiais que estão sendo aproveitados no Brasil para produzir eletricidade e biogás é possível citar resíduos da cana-de-açúcar e da atividade florestal, casca de arroz e dejetos de suínos e bovinos

O vice-coordenador do Fórum de Infraestrutura da Agenda 2020, Paulo Menzel, compara o cenário da geração de energia com insumos orgânicos com a situação vivida pela energia eólica, que demorou a “embalar”, mas hoje é um mercado consolidado e em expansão no País.

O dirigente reitera que é preciso haver um desenvolvimento sustentável desse setor, pois ainda é lenta e gradual a transformação da matriz energética nacional, fundamentada na hidroeletricidade.

Porém, o vice-coordenador do Fórum de Infraestrutura da Agenda 2020 frisa que a perspectiva da redução dos recursos hídricos fez com que o Brasil voltasse seus olhos para a fonte eólica e fará o mesmo com a biomassa.

“Mas, para isso, é preciso uma transformação na cultura de produção e aporte em tecnologia”, defende.

Outro ponto salientado por Menzel, é que o Brasil é o maior produtor de carne de gado do mundo e o dejeto desses animais, que pode ser utilizado para a produção de biogás, quando aproveitado, é apenas usado como adubo no País.

O sócio do escritório Andersen Ballão Advocacia e conselheiro da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás), Monroe Olsen, lembra que o biogás também pode ser aplicado na produção de biometano (biogás purificado), que pode substituir o gás natural veicular (GNV) de origem fóssil.

Olsen será um dos participantes do 4º Fórum do Biogás que será realizado nos dias 17 e 18 de outubro, no Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE).

O integrante da ABiogás enfatiza que todo os estados sofrem, em algum grau, com a contaminação de lençóis freáticos ou de aquíferos por resíduos orgânicos e a produção do biogás auxilia a amenizar esse problema ao dar uma destinação adequada ao resíduo.

Além disso, contribui para atender ao protocolo de Paris em que as nações signatárias comprometeram-se a reduzir a emissão de CO2. Potencial de produção de biogás é superior à importação de gás boliviano Conforme a Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás), o potencial brasileiro de produção de biogás é de 78 milhões de metros cúbicos ao dia, mais de duas vezes o volume de gás natural importado da Bolívia.

Além disso, o Brasil tem um potencial a partir do biogás de geração de 115 mil GWh ao ano, ou 14 GW médios de energia, o que é mais do que Itaipu produz em um ano inteiro.

O CEO da Vapor Energia, Roberto Zanella, também aposta na queima da biomassa para a geração de energia elétrica. No entanto, o processo não chega a ter a produção de biogás, mas sim de vapor, ao aquecer água por meio da combustão de matérias orgânicas como as cascas de coco ou de arroz. O dirigente detalha que a companhia desenvolve o projeto completo para empresas que desejam contar com esse tipo de produção energética.

Assim como para a geração de energia elétrica, o vapor pode ser empregado no aquecimento, cozimento ou em processos químicos. Zanella argumenta que a atividade é viável economicamente, principalmente, quando o combustível pode ser obtido em um raio de até 150 quilômetros de onde será queimada a biomassa.

O dirigente acrescenta que se trata de uma operação mais sustentável ecologicamente, que contribui para a redução do efeito estufa ao substituir outras fontes de energia, como o óleo diesel. Com o crescimento da economia, o CEO da Vapor Energia prevê que os empreendimentos em biomassa ficarão cada vez mais competitivos.

A Vapor Energia estima, nos próximos cinco anos, desenvolver cerca de 15 projetos nessa área, o que significará a movimentação de aproximadamente R$ 200 milhões.

(Fonte: Jornal do Comércio – 17/10/17)

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