01 de Novembro de 2018
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A americana Bunge, uma das maiores empresas de agronegócios do mundo, viu seus resultados globais melhorarem de forma expressiva no terceiro trimestre deste ano. Em parte graças a uma estratégia mais cautelosa que buscou preservar margens nas atividades de processamento de grãos, sobretudo soja, a companhia encerrou o período com lucro líquido de US$ 365 milhões, quase quatro vezes a mais do que os US$ 92 milhões registrados entre agosto e outubro de 2017.
Em comunicado, a Bunge informou que também colaborou para esse forte incremento um ganho de cerca de US$ 155 milhões com marcação a mercado nos contratos futuros de soja. Independentemente disso, afirmou Soren Schroder, CEO da empresa, as bases para uma performance sólida neste segundo semestre estão fincadas. E, graças ao terceiro trimestre, o lucro líquido passou a acumular alta no acumulado dos nove primeiros meses do ano - de 50,9% em relação a igual intervalo do ano passado, para US$ 332 milhões.
Apesar de a estratégia mais cautelosa no processamento de grãos em geral ter funcionado, a multinacional ressalvou que seus negócios com óleos comestíveis, por exemplo, continuaram a enfrentar problemas em decorrência da farta oferta global de óleo de soja. No comunicado divulgado pela Bunge, Schroder diz que espera uma melhora nessa frente no quatro trimestre, e adiantou que no período os resultados deverão ser puxados pelas operações de processamento de oleaginosas no Hemisfério Norte.
Embora o lucro líquido tenha sido mais polpudo no terceiro trimestre, a receita líquida da Bunge refletiu as cotações mais baixas de commodities como soja e açúcar e permaneceu praticamente estável no período, em US$ 11,4 bilhões. De janeiro a setembro o montante somou US$ 34,2 bilhões, também o mesmo patamar dos três primeiros trimestres de 2017. Como de costume, a divisão "Agribusiness", onde se aninha a comercialização de produtos agrícolas, liderou a receita no terceiro trimestre deste ano, com US$ 7,9 bilhões.
O Brasil é fundamental para essa divisão da Bunge, já que é sua principal fonte de originação e exportação de soja e milho. Outra área na qual o país é vital é a de "Açúcar e Bioenergia", cuja receita no terceiro trimestre atingiu US$ 629 milhões, ante US$ 1,158 bilhão de julho a setembro de 2017. Esse tombo foi influenciado por problemas climáticos no Centro-Sul brasileiro, onde estão localizadas as usinas da companhia.
Em comunicado divulgado pouco antes da apresentação dos resultados, a Bunge informou que nomeou três novos diretores para seu conselho de administração e criou um comitê de revisão estratégica que poderá abrir as portas da empresa para uma eventual venda. A companhia confirmou as expectativas e disse ter firmado acordo com dois investidores ativistas - o fundo de hedge D.E. Shaw & Co. e a empresa de investimentos agrícolas Continental Grain -, o que ampliou o número de cadeiras em seu conselho de 11 para 14.
O comitê de revisão estratégica será presidido por Paul Friborg, presidente da Continental Grain. E incluirá dois novos diretores, além de três membros que já atuam no conselho da Bunge. Segundo a múlti, esse comitê fará uma "revisão abrangente e estratégica" com o objetivo de aumentar o "valor para o acionista a longo prazo". Soren Schroder não confirmou as expectativas de que o comitê poderá abrir as portas para uma eventual venda. Como é sabido, tanto Glencore quanto ADM fizeram gestões para comprar a Bunge nos últimos tempos.
Valor Econômico – 01/11/18
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