21 de Agosto de 2017
Notícias
As negociações entre Mercosul e União Europeia para um acordo de livre-comércio seguem em ritmo acelerado, mas os europeus vêm relutando em melhorar sua proposta de abertura do mercado de bens agrícolas.
A atitude europeia gera preocupação no Brasil, que teme que a UE esteja adotando a estratégia de deixar o tema para a última hora a fim de convencer o Mercosul de que é "pegar ou largar".
Pessoas que acompanham o processo de perto dizem que os europeus argumentam que só será possível melhorar sua proposta após as eleições da Alemanha, previstas para o mês que vem.
Eles já haviam pedido para aguardar o pleito da França, mas causou estranheza o pedido sobre a Alemanha, um dos países mais pró-livre mercado da UE e onde o movimento nacionalista, que atingiu os EUA e o Reino Unido, ainda não ganhou força.
Se as novas ofertas só forem trocadas em outubro, como querem os europeus, restarão apenas dois meses até a reunião ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio) em Buenos Aires, em dezembro.
Os dois lados já declararam publicamente que gostariam de assinar um pré-acordo no encontro, incluindo os temas mais sensíveis e deixando para depois só detalhes como revisões jurídicas e traduções.
Por causa desse comprometimento, os diplomatas relatam que as negociações entre os blocos seguem em "quinta marcha" com encontros mensais sobre temas como propriedade intelectual e compras governamentais.
Insuficientes
As ofertas de redução de tarifas para bens agrícolas e industriais, no entanto, são as mesmas desde maio de 2016, quando os dois blocos finalmente voltaram à mesa após uma interrupção de 12 anos na negociação.
Na área agrícola, os europeus ainda não apresentaram cotas para carne bovina, açúcar e etanol, produtos muito importantes para o Brasil, segundo apurou a Folha. As cotas de 78 mil toneladas para carne de frango e 9.300 toneladas para carne suína também estão muito abaixo das expectativas do setor.
Outro problema é que a UE mantém a proteção aos produtos processados do agronegócio, que geram mais lucro. Enquanto a entrada de soja em grão e café verde é liberada assim que o acordo entra em vigor, a exportação de óleo de soja e de café solúvel só acontece após quatro e sete anos, respectivamente.
"Estamos felizes que a negociação finalmente está andando depois de tanto tempo, porque a Europa é um parceiro prioritário, mas precisamos incluir os produtos que interessam ao Brasil", diz Ligia Dutra, superintendente de relações internacionais da CNA (Confederação Nacional da Agricultura).
Ela se recusou a comentar produtos específicos.
As negociações entre Mercosul e União Europeia já duram 18 anos. Segundo pessoas consultadas pela reportagem, o acordo nunca esteve tão perto de fechar graças ao alinhamento recente dos governos do Mercosul a favor do livre-comércio.
Para a União Europeia, fechar um acordo com o Mercosul até dezembro também enviaria uma forte mensagem aos Estados Unidos, que se tornaram mais protecionistas após a vitória de Donald Trump e praticamente abandonaram as negociações para uma área de livre-comércio entre o país e a UE.
(Fonte: Folha de São Paulo – 20/08/17)
Veja também
24 de Abril de 2024
Evento do MBCB destaca potencial da descarbonização da matriz energética brasileiraNotícias
24 de Abril de 2024
WD Agroindustrial promove intercâmbio cultural em aldeia indígena para celebrar o dia dos povos origináriosNotícias
24 de Abril de 2024
Raízen encerra safra 2023/24 com moagem recorde de 84,2 milhões de toneladasNotícias