05 de Dezembro de 2018
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O desempenho de alguns setores da agroindústria, sobretudo da produção de açúcar, pesou no comportamento da indústria de outubro na comparação com setembro. Fruto de um clima adverso à produção e da estratégia das usinas sucroalcooleiras de priorizar o etanol, a fabricação e o refino de açúcar sofreram retração de 28,1% entre setembro e outubro, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção de bens intermediários, categoria em que se encaixa a produção de açúcar, teve retração de 0,3% no mês.
Outubro foi marcado por chuvas acima da média histórica no Centro-Sul, onde a maior parte das usinas está concentrada. Isso provocou a interrupção do trabalho das colhedoras nos canaviais e, consequentemente, da moagem de cana.
Entre as usinas associadas à União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), no Centro-Sul, a moagem de cana em outubro ficou em 50,4 milhões de toneladas, um volume 19,6% menor do que no mesmo período da safra passada - ou 12,258 milhões de toneladas a menos.
A quantidade de açúcar produzida sofreu queda ainda mais acentuada, já que, da cana disponível, uma parcela maior foi destinada à produção de etanol. Diante dos preços elevados da gasolina, as vendas do biocombustível estão batendo recorde neste ano e ainda oferecem às usinas remuneração maior do que o açúcar, cujos preços estão em baixa por causa do excedente global.
Em outubro, a Unica contabilizou uma produção de 2,077 milhões de toneladas de açúcar, redução de 46,5% na comparação anual. Em volume, foi produzido 1,8 milhão de toneladas a menos.
Outro segmento da agroindústria que teve retração em outubro foi o da indústria de carnes. Principal responsável pela queda de 0,2% da produção de bens semiduráveis e não duráveis na passagem de setembro para outubro, o setor foi afetado pelos abates de frango.
Em setembro, o alojamento de pintos de corte (indicador antecedente de produção de carne de frango) totalizou 488,9 milhões, queda de 7,56% na comparação com agosto, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco). Trata-se do menor patamar mensal desde a greve dos caminhoneiros, no fim de maio.
A ave alojada no início de cada mês nas granjas é abatida a partir de meados do mês seguinte - os animais levam menos de 45 dias para atingir o peso de abate. Os alojamentos mais fracos de setembro refletiram-se na produção de outubro. Algum impacto também pode ter se estendido para novembro.
Ao longo deste ano, os frigoríficos brasileiros de frango cortaram a produção para tentar recompor margens corroídas pela alta dos preços da ração (farelo de soja e milho). Problemas específicos de empresas como a BRF - a dona das marcas Sadia e Perdigão foi proibida de exportação para a União Europeia - também afetaram a produção de aves. Diversos abatedouros de aves da BRF tiveram operações suspensas temporariamente.
Valor Econômico - 05/12/2018
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