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Mesmo com anúncio de acordo, caminhoneiros mantêm paralisação

25 de Maio de 2018

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Mesmo após o governo anunciar um acordo com os caminhoneiros, os protestos prosseguem nesta sexta-feira em alguns Estados do país. No quinto dia de manifestações, há caminhões parados em vários estados.

Ontem, o governo anunciou uma trégua de 15 dias, após garantir por 30 dias o tempo de congelamento com 10% de desconto no preço do óleo diesel, com o Tesouro bancando o subsídio para a Petrobras.

 O Palácio do Planalto também aceitou estabelecer uma política de periodicidade mensal de reajustes do combustível, com os eventuais impactos econômicos causados pelo não reajuste diário na Petrobras também sendo bancados pelo Tesouro Nacional.

Após a divulgação do acordo do governo e oito entidades da categoria, caminhoneiros autônomos que estão nas rodovias disseram que não iriam suspender a paralisação.

“Os supostos sindicatos que estão negociando não representam os caminhoneiros que estão na rua”, disse o motorista Aguinaldo José de Oliveira, 40, que trabalha com transportes há 22 anos e para quem o movimento não tem um líder.”São uns aproveitadores que não falaram com a gente antes da greve e chegaram agora, quando já estava tudo parado”, afirma o caminhoneiro que está parado na av. Anhaguera, Campinas.

Segundo ele, os caminhoneiros pretendem manter a paralisação porque o acordo não atinge as suas principais reivindicações. “São 14 itens que a gente nem conhece. O principal é a redução do diesel, mas não essa esmola temporária de 15 centavos.”

Outro caminhoneiro de 48 anos, parado em Campina Grande, na Paraíba e que preferiu não se identificar, concordou que o acordo não representa os trabalhadores autônomos.

“Nenhum caminhoneiro vai aceitar esse acordo. O Brasil vende diesel para a Bolívia a R$ 1,80 e a gasolina a R$ 2,50. Por que não pode vender aqui também?”, questionou.

E reclamou de outros pontos que não apareceram no acordo. “Por que só caminhoneiros têm que usar tacógrafo e fazer exames toxicológicos?”. Para ele, ou todos os motoristas deveriam ser obrigados a cumprir tais exigências ou que nenhum fosse.

“Pagamos R$ 400 para um exame toxicológico, IPVA, diesel caro e ainda temos que pagar pedágio”, disse. “Não está faltando nem comida, nem bebida para gente, vamos continuar nas estradas”, afirmou o caminhoneiro.

Reflexos da greve

Ontem, aumntou o número de empresas paralisadas, em consequência do protesto e houve uma intensificação do desabastecimento no comércio. A falta de matérias-primas começou a afetar setores importantes da indústria, como celulose e química.

 Em meio à crise disparada pela alta dos preços dos combustíveis, senadores atacaram o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pedindo a sua demissão. O presidente Michel Temer, entretanto, vem articulando o tempo todo uma solução para a crise com o executivo. E, até o início da noite de ontem, não cogitava retirá-lo do posto.

Fonte: Valor - 25/5

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