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MG tem uma tendência histórica de desconcentração da produção sucroenergética

21 de Setembro de 2018

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O Boletim Online SIAMIG conversou com o doutor em Economia e professor associado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE, Pery Francisco Assis Shikida, que colaborou para o trabalho “Uma análise da concentração na agroindústria canavieira em Minas Gerais (safra 2002/2003 a 2014/2015).

Pery já tinha analisado a concentração da agroindústria canavieira em Minas Gerais durante as safras 1996/1997 a 2005/2006. Entretanto, transcorrida uma década (desde a última safra ora pontuada), modificações poderiam ter ocorrido nesse cenário considerado muito dinâmico. Nesse sentido, mediante a evolução da produção canavieira em Minas Gerais, colocou-se o seguinte questionamento: da sa¬fra 2002/2003 para a safra 2014/2015, a produção de cana-de-açúcar passou a ter maior ou menor concentração?

Juntamente com os mestres em desenvolvimento regional e agronegócio, Tiago Rodrigo Fisher, Cristiane Fernanda Klein e Débora Cristina Kliemann, Pery tentou responder a essa pergunta. Além dessa análise, o trabalho apresenta mais três seções, que são a revisão de literatura sobre elementos da evolução na produção de cana-de-açúcar e seus derivados em Minas Gerais e no restante do Brasil. A seção três contempla o material e método e, em seguida, são apresentados os resultados e discussão derivados da pesquisa. Por fim, a seção cinco apresenta as considerações finais.

Veja abaixo um pouco sobre o que ele falou sobre essa pesquisa:

 

SIAMIG - Com base nos estudos realizados, o senhor considera o setor sucroenergético de Minas Gerais concentrado? Por que?

Pelos últimos indicadores do estudo, o setor veio se desconcentrando, porém, ocorreu uma mudança nas duas últimas safras. Através de uma análise dos indicadores, com uso de medida de concentração da teoria de organização industrial, os quatro grandes grupos do estado detinham 50% da moagem de cana no triênio 2012/13, 13/14 a 14/15.

Mas já tiveram muito mais no comparativo com 2002/03 2003/04 e 2004/05, que chegou ao percentual de 56%. Notamos, então, que a moagem vem desconcentrando.

 Porém, nas safras 15/16 e 16/17 apresentou uma tendência de concentração maior, devido à crise do setor, que levou ao fechamento e compra de usinas no estado, impactando o grau de concentração.

Isso ocorreu também em outros estados?

Minas Gerais tem uma tendência histórica de desconcentração no setor e, mesmo, apesar da crise nota-se que esse índice não alterou tanto. No Paraná, contudo, devido à crise, a concentração da moagem já atinge um percentual de 71,98%, nas mãos de quatro grandes grupos.

Existe uma estratégia das empresas dominantes comprarem as que estão passando por dificuldades, o que provoca uma concentração maior no mercado.

Mas, por outro lado, o setor fica, inclusive, mais fortalecido pois se sofre com a crise, as empresas que se mostram mais competitivas sobrevivem.

Por que é diferente em MG?

Minas Gerais tem uma peculiaridade diferente em relação ao Paraná, o número de grupos é maior e tem uma heterogeneidade grande.

Destacamos, também, que a produção mineira saiu de uma representação nacional de 4,9% em 2002/3 em moagem de cana para 9,4% até 2015, o estado cresceu muito devido ao crescimento da demanda de etanol. O açúcar sentiu o baque, mas a participação nacional cresce mais robusta e forte. Essa crise deu uma derrubada na produção, mas fortaleceu a organização estratégica das empresas. A produção se manteve!

As usinas que estão sobrevivendo têm uma tendência de sair fortalecidas para enfrentar o ambiente concorrencial existente, porque tiveram que se organizar e se capacitar consistentemente. O ambiente de mercado ainda não está tranquilo, e no setor a palavra curto prazo não deve ser a prioridade, logicamente, tem que se trabalhar com afinco no dia a dia, mas a recuperação ocorrerá somente a médio e longo prazo.

Há perspectivas de que o preço do barril do petróleo se mantenha alto e o país possa voltar a ser um grande player mundial de produção de etanol.

Confira a íntegra do trabalho clicando AQUI.

Gerência de Comunicações SIAMIG – 21/09/18

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