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Ministério vê perspectivas favoráveis às exportações

13 de Janeiro de 2021

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As exportações do agronegócio em 2021 poderão superar a marca do ano passado se o clima colaborar e de fato a colheita de grãos bater um novo recorde nesta safra 2020/21. Foi o que afirmou ao Valor o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Ribeiro. Puxados por soja e carnes, vendidos sobretudo à China, os embarques do setor renderam US$ 100,8 bilhões em 2020, 4,1% mais que em 2019.

A maior expectativa do ministério é com as vendas de milho, que poderão “explodir” com o aumento das compras também por parte da China. O primeiro passo para isso veio com a decisão de Pequim de aprovar as variedades transgênicas autorizadas para plantio no Brasil que ainda não podiam entrar no mercado chinês. Agora falta apenas a assinatura da atualização de certificados sanitários para o aval definitivo.

A virada política nos EUA também poderá sedimentar o caminho para melhores negociações, principalmente envolvendo o açúcar, e a Índia poderá se consolidar como outro destino de peso. Entre as preocupações estão eventuais problemas na União Europeia por causa de questões ambientais.

“Estamos concluindo a atualização do certificado sanitário com a China. Em algum momento em 2021 isso vai estar concluído e veremos o aumento da demanda do país por milho”, afirmou Ribeiro. Caso a gestão Biden na Casa Branca decida privilegiar a mistura obrigatória de etanol na gasolina, o avanço do Brasil no mercado global poderá ser ainda maior, uma vez que o biocombustível americano é feito a partir do cereal.

O fato de Biden ter escolhido Tom Vilsack para ser seu secretário de Agricultura também pode facilitar as relações diplomáticas do agro brasileiro com os EUA, avaliou Ribeiro, que mantém boa relação com o americano desde a época em que ele foi chefe do Departamento de Agricultura (USDA) no governo de Barack Obama. A intenção é retomar as negociações sobre a exportação de açúcar para aquele mercado. “O interesse brasileiro é ter mercado livre, sem tarifa, sem cota, sem nada, para açúcar e etanol”.

O mercado para o açúcar, ressaltou, depende muito da Índia, grande produtora e que passa por uma reforma agrícola. E é para lá que o Ministério da Agricultura espera que comecem a ser embarcados, em volumes cada vez maiores, as pulses, como feijão, lentilha, grão de bico e gergelim. “A Índia vai demandar mais alimentos e estamos em condições de ser um parceiro mais importante do que somos hoje”, disse Ribeiro.

A Pasta segue com a missão de tentar diversificar produtos e destinos da pauta exportadora, muito dependente dos embarques de soja e carnes para a China. “Existe muita concentração, e obviamente isso não é bom. Se houver alguma variação nesse exato produto ou mercado o impacto na balança comercial brasileira será grande”, pontuou o secretário.

Nada disso, no entanto, é capaz de abalar ou diminuir o peso da China para o Brasil. “Não existe a menor possibilidade de esse esforço resultar em diminuição da importância da China, nem está nos nossos planos. Continuamos trabalhando fortemente na China, é a economia que mais cresce no mundo”.

Pouco afetadas pela pandemia, apesar de algumas restrições temporárias a frigoríficos, as exportações do agronegócio brasileiro enfrentam, por outro lado, resistências cada vez mais latentes da Europa no quesito ambiental. A ofensiva europeia preocupa, mas o governo diz que tem respostas prontas contra possíveis travas. “Não baixamos a guarda. Se algo for feito estamos preparados para reagir e rebater na prática”, afirmou o secretário.

 

Fonte:  Valor Econômico – 13/01

 

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