06 de Abril de 2020
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A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que vai tentar antecipar o anúncio do Plano Safra 2020/21 para dar “um norte” aos agricultores frente a um cenário de possível retração dos agentes financiadores no fornecimento de crédito, por causa de incertezas e riscos da pandemia do novo coronavírus, inclusive o crescimento de pedidos de recuperação judicial no setor.
Ela demonstrou preocupação com a possibilidade de faltar recursos para a produção agropecuária brasileira mesmo com a sanção, prevista para essa semana, da MP do Agro, que busca atrair capitais estrangeiros.
“Estamos pensando em tentar antecipar o Plano Safra para dar um norte, um horizonte, para quem toma esse recurso, mas é só 40% do que precisa [de recurso] para tocar safra brasileira. É número um das minhas preocupações”, afirmou, durante transmissão ao vivo com diversas personalidades do agronegócio nacional organizada por Xico Graziano.
Segundo a ministra, as lideranças do agronegócio precisam estar atentas e enviar sugestões para "ter um encaminhamento das ações para que a falta de crédito e o temor que os bancos têm hoje, pela insegurança do momento que vivemos, possa ser superado e que possamos ter crédito para irrigar cadeia do agro como um todo".
A ministra disse que foi uma "decisão equivocada" não resolver a questão das recuperações judiciais durante a tramitação da MP do Agro. Na ocasião, uma emenda pretendia deixar de fora das RJs a produção financiada por Cédulas de Produto Rural (CPR), instrumento comum nas operações com tradings, mas foi retirada do texto.
Tereza Cristina disse que não sabe avaliar a intensidade dos efeitos dessa medida, mas que é preciso imaginar o pior cenário. “Foi uma decisão equivocada. À época, discutimos que seria um tiro no pé, houve pressão errada de setores nossos e bateram muito pensando de maneira pontual, olhando para o próprio umbigo e não pensando para frente”, afirmou.
A provocação sobre o tema partiu do ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi. Ele afirmou que enxerga “o fluxo de recursos minguando” e que bancos, tradings e fornecedores de insumos estão com receio de emprestar dinheiro aos produtores. O ponto principal, segundo ele, é a facilitação gerada aos pedidos de recuperação judicial aos produtores. “Acho que teremos dificuldades de recursos necessários para ter uma supersafra de novo pela prática do mercado que estou vendo. Não é uma questão para daqui um ano, são 30 ou 60 dias. Não houve entendimento [sobre retirar as CPRs de RJ] e o preço está chegando. Acho que temos um problema conjuntural que pode ser sistêmico se a gente não atuar rapidamente”, disse Maggi.
Ainda sobre fontes de crédito para o setor, Tereza Cristina afirmou que o presidente Jair Bolsonaro deve sancionar nesta semana o texto da Medida Provisória 897/2019, a chamada MP do Agro. O prazo final é 7 de abril. Mesmo assim, o “momento ruim” pode comprometer a entrada de recursos estrangeiros, um dos principais pontos da proposta, para financiar a produção. “Todo o dinheiro que a gente pensava que pudesse vir lá de fora, o cenário não é o mesmo. O céu de brigadeiro que vivia lá atrás agora é cheio de nuvens e incertezas”, disse.
Fonte: Valor Econômico - 05/04
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