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Mudanças climáticas explicam calor extremo

26 de Julho de 2018

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Está abafado? Sufocando com a fumaça das queimadas? A culpa é das correntes de ar de alta velocidade (corrente de jato) e do aquecimento global.

Deformadas, emperradas, estagnadas, não importa a maneira como você as descreve, as correntes de jato - camadas de vento que circulam a Terra - estão fazendo coisas estranhas. A lista de calamidades inclui incêndios na Escandinávia, Grécia e Califórnia, um calor recorde no Texas, Japão e África e chuvas fortes ao longo da costa leste dos EUA que poderão durar mais uma semana. No geral, o mundo está mais quente, o que significa que quando as temperaturas sobem, isso acontece a partir de uma base alta.

"Nós estamos observando uma atuação extrema da corrente de jato, na qual a corrente se contorce em curvas acentuadas tanto em direção aos polos com bolhas de alta pressão como em direção ao equador com afundamentos de baixa pressão", explica Jeff Masters, da Weather Underground. "Esta configuração extrema tem se mantido ao longo do tempo de modo que alguns lugares têm experimentado longos períodos de condições climáticas extremas."

Ao menos 170 pessoas já morreram em incêndios, inundações e ondas de calor em três continentes. Mercados de energia elétrica ao redor do mundo registraram picos de consumo com a persistência das altas temperaturas na Ásia, América do Norte e Europa, com as pessoas fatigadas recorrendo ao ar-condicionado para se aliviar.

Na Califórnia, partes do Parque Nacional de Yosemite foram fechadas e os visitantes orientados a deixar a área por causa de um incêndio que atinge a região. O fogo matou ao menos uma pessoa e já consumiu mais de 38.000 acres.

Temperaturas recorde foram registrada no Japão, com os termômetros marcando 41° Celsius; Waco, no Texas, registrando a maior leitura de sua história 45,5° C; e a Lapônia, na Finlândia, também batendo uma nova marca.

A situação na Escandinávia é "impressionante", pois a temperatura da água do Mar Báltico está 8° C acima da média, chegando a 32° C na Lapônia, no Círculo Polar Ártico, segundo Masters. "Esse é um calor que chama atenção."

No começo do mês, Ouargla, na Argélia, chegou aos 51° C, a maior temperatura já registrada na África, segundo Kevin Trenberth, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas de Boulder, no Colorado. Califórnia e o sudoeste dos EUA também registraram uma série de temperaturas próximas de 48° C neste mês.

"Em condições muito áridas, esse tipo de coisa é possível e estamos vendo isso ocorrer em diferentes lugares do mundo", diz Trenberth.

A ciência precisará de tempo para estudar se esse verão excessivamente quente no Hemisfério Norte se deve às mudanças climáticas ou é apenas uma onda de azar para aqueles que estão cozinhando, suando e engasgando, mas essa é a aparência que o aquecimento global teria. A causa exata do bloqueio da atmosfera em julho também poderá exigir estudos, diz Greg Carbin, chefe do U.S Weather Prediction Center em College Park, Maryland. "Tudo colabora para isso. E é uma coisa mundial."

A ciência precisará de tempo para estudar se esse verão excessivamente quente no Hemisfério Norte se deve às mudanças climáticas ou é apenas uma onda de azar para aqueles que estão cozinhando, suando e engasgando, mas essa é a aparência que o aquecimento global teria. A causa exata do bloqueio da atmosfera em julho também poderá exigir estudos, diz Greg Carbin, chefe do U.S Weather Prediction Center em College Park, Maryland. "Tudo colabora para isso. E é uma coisa mundial."

"É algo parecido com aquela história do ovo e da galinha", diz Carbin. "É muito difícil, na atmosfera, saber o que veio primeiro porque tudo está interligado."

Climatologistas acreditam que o aquecimento provocado pela mão humana é uma parte das ondas de calor, porque a composição da atmosfera mudou dramaticamente nas últimas duas gerações.

"É importante saber que qualquer onda de calor tem causas naturais e, agora, humanas", diz Michael Wehner, cientista do Lawrence Berkeley National Laboratory. "Portanto, usando uma linguagem clara, as mudanças climáticas simplesmente tornam essas ondas de calor mais quentes do que de outra forma elas seriam."

O projeto World Weather Attribution, uma colaboração internacional entre cientistas, deve publicar uma análise sobre a onda de calor na Europa até o fim da semana. Um trabalho anterior, sobre uma onda de calor que atingiu a Europa em 2014, concluiu que a probabilidade de ocorrência do evento foi 35 vezes maior do que teria sido sem o aquecimento global.

Enquanto isso, modelos de previsão por computador mostram poucas mudanças no clima no momento. Isso significa que se estiver quente onde você está, provavelmente as temperaturas continuarão elevadas. Se estiver chovendo muito, melhor se acostumar a isso.

Fonte: Valor Econômico – 26/07/2018

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