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Na Raízen, o gás da vinhaça e da torta de filtro também abastecerá a frota agrícola

04 de Outubro de 2018

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Resultante da purificação do caldo da cana, a torta de filtro é composta por 70% de água, 18% de matéria orgânica e 12% de outros sólidos. Já a água restante do processo de destilação do etanol é chamada de vinhaça, composta por 95% de água, 3% de sais e 2% de carga orgânica. Juntos, esses resíduos serão os combustíveis da nova planta de biogás da Raízen, anexa à unidade Bonfim, em Guariba, SP. Durante os 365 dias do ano, a unidade irá produzir biogás a partir da torta – passível de ser armazenada. Já a vinhaça será utilizada apenas durante os meses de safra.

O vice-presidente executivo da área de etanol, açúcar e energia da Raízen, João Alberto Abreu, ressalta que essa planta não será apenas a primeira do mundo em escala comercial a utilizar a tecnologia de conversão da torta de filtro em biogás para a geração de energia elétrica, adubo mineral e biometano. Será também a planta com a maior capacidade de biodigestão já criada. “O objetivo não é apenas produzir energia elétrica. Nosso intuito é criar uma nova indústria, não só para o setor, mas para o país como um todo.”

Abreu observa que a Unidade Bonfim – segunda maior em processamento da Raízen – foi escolhida a dedo para o projeto. A nova planta será instalada numa área de 30 hectares localizada ao lado da indústria, da subestação de energia e das redes de transmissão. Atualmente, a Bonfim exporta 300 mil MWh para o grid. O dobro de energia que será produzida pela planta de biogás. “Entretanto, haverá uma sinergia fundamental entre os processos. Os motogeradores de biogás injetarão 138 mil MWh nessa subestação, que está pronta, funcionando e já conectada ao grid.”

O VP da Raízen explica como será o processo para a produção do biogás: dutos e esteiras levarão, respectivamente, a vinhaça e a torta de filtro até os biodigestores. Ali, a matéria orgânica presente nos resíduos será transformada em biogás pela ação de bactérias anaeróbicas. O gás produzido vai para a superfície dos biodigestores, sendo levado em dutos até os motogeradores, aonde o biogás será queimado, gerando energia elétrica. Para a geração de 1 megawatt (MW) no modelo da planta que está sendo erguida, são necessárias 9 mil toneladas de torta de filtro e 100 milhões de litros de vinhaça.

Parte desse gás ainda poderá ser utilizado para produzir biometano. Uma vez purificado e comprimido, tem potencial para substituir o diesel em tratores e caminhões. "Para cada metro cúbico de diesel substituído por gás, gastaríamos 50% a menos", observa o vice-presidente da Raízen.

Segundo ele, essa substituição reduzirá também a pegada de carbono do processo produtivo do etanol da Raízen, o que a credenciaria a comercializar mais certificados de biocombustíveis (CBios) que serão negociados quando o RenovaBio estiver em operação. Dados preliminares da RenovaCalc apontam que o biometano reduz em 96% as emissões de CO², sem contar a diminuição de emissão de partículas poluentes, e chega a ser 90% inferiores em comparação aos combustíveis fosseis.

“Estimamos que, se toda a frota da Unidade Bonfim fosse adaptada e todo o consumo migrasse para o biometano, a pegada de carbono do etanol da unidade seria 20% inferior à atual”, completa Abreu.

CanaOnline – 04/10/18

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