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Índia tenta encontrar solução para enormes estoques de açúcar

01 de Junho de 2018

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O sistema de controle de preços do governo indiano criou um excesso insustentável de oferta de açúcar, e agora Nova Délhi quer despejar o produto no mercado mundial, que já vem enfrentando preços muito baixos. A Índia é o segundo maior produtor e o maior consumidor mundial de açúcar. Graças a rígidos controles de importação, exportação e preços, o país geralmente produz o suficiente para suprir suas necessidades.

Nova Délhi estabelece o preço mínimo para a cana-de-açúcar e, para agradar aos produtores, continua aumentando esse valor. Mas os preços de açúcar para usuários finais podem flutuar livremente e atualmente estão tão baixos que refinarias dizem estar perdendo dinheiro.

”Os estoques aumentam todo ano, mas não há tantos compradores”, disse Amit Agarwal, responsável por vendas em uma usina de açúcar no Estado de Uttar Pradesh. Apontando para um galpão lotado com 77.500 toneladas de açúcar que não consegue vender, ele diz que sua usina está sob pressão para pagar os produtores de cana dentro do prazo.

“Mas onde está o dinheiro?”, diz. Usinas têm de comprar toda a cana que os produtores levam até elas pelo preço estabelecido pelo governo. Mas como só precisam pagar os produtores depois de vender o açúcar, estão segurando o produto à espera de melhores preços – ou mais incentivos. O resultado disso são enormes estoques.

De acordo com a última contagem, no fim de maio, os estoques do país somavam 13 milhões de toneladas, mais do que todo o açúcar consumido nos Estados Unidos no ano passado. A produção indiana de açúcar deve totalizar 31,5 milhões de toneladas na temporada atual, iniciada em 1º de outubro, superando a demanda em 6,5 milhões de toneladas, de acordo com a Associação Indiana de Usinas de Açúcar. Os cerca de 50 milhões de produtores de cana do país dizem que merecem um salário mínimo por seu trabalho, e reconhecem que as garantias do governo melhoraram seu padrão de vida. Mas estão desesperados para receber os pagamentos.

Nova Délhi está pressionando as usinas para que elas vendam o açúcar e paguem os produtores, e também está oferecendo incentivos adicionais para a exportação do excedente. De olho nas eleições do ano que vem, o governo quer acalmar os produtores, que representam um enorme e influente grupo.

A Índia espera vender aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de açúcar no mercado internacional. Embora as usinas também percam dinheiro vendendo para o exterior, o governo está criando incentivos, como a eliminação do imposto de exportação. Nova Délhi também está adotando medidas para subsidiar parte dos pagamentos feitos por usinas a produtores de cana.

Além disso, está considerando compor um estoque de 3 milhões de toneladas de açúcar para ajudar a elevar os preços domésticos. Isso estimularia as usinas a vender açúcar e pagar os produtores. As usinas, no entanto, dizem que essas medidas são insuficientes. “Se o governo quer manter as usinas em operação, deveria parar de elevar os preços da cana. Esta é a única solução”, diz Agarwal.

Fonte: Agência Estado – 01/06/2018

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