11 de Fevereiro de 2019
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Disposta a promover no país o interesse por carros elétricos, a Nissan do Brasil está fazendo diversas parcerias com institutos de pesquisa e universidades locais para tornar esse tipo de veículo atrativo e viável para os consumidores e a sociedade em geral.
Os projetos em estudo visam ampliar o uso da energia armazenada no carro, reutilizar as baterias retiradas dos veículos, promover sua reciclagem completa após o descarte e desenvolver a tecnologia da célula a combustível com uso de etanol para gerar oxigênio.
Na sexta-feira, 8, a empresa anunciou projeto conjunto com o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e com o Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai) para o desenvolvimento de carregadores bidirecionais. O equipamento permitirá ao proprietário do carro transferir a energia da bateria não utilizada para uso na residência, no escritório ou para a rede de distribuição.
O objetivo é produzir os carregadores no Brasil e, segundo o presidente da Nissan brasileira, Marco Silva, já há uma empresa interessada, mas o nome ainda é mantido em sigilo. “O consumidor pode até ter uma renda extra pois pode carregar o carro em momento de baixo consumo, quando a energia é mais barata, é revender nos momentos de pico, quando é mais cara.”
Além de tropicalizar a tecnologia de acordo com a rede nacional de distribuição de energia no País, a pesquisa servirá de subsídio para a regulamentação da transferência da energia para a rede elétrica. Essa regulamentação será feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Casa iluminada
Segundo Silva, o proprietário poderá, por exemplo, usar a bateria do carro em caso de cortes de energia na residência e até ter uma renda extra se carregar a bateria fora dos momentos de pico de uso e vender o que sobrar para as distribuidoras. A forma como isso será feito, quantidades a serem repassadas e preços terão de ser definidos na regulamentação.
Este tipo de equipamento já está em uso nos Estados Unidos e, se importado, custaria cerca de US$ 20 mil, mas, nesse caso, só poderia ser usado para fins domésticos, diz Silva.
O diretor técnico do PTI, Claudio Osako, diz que o instituto já vinha trabalhando no desenvolvimento de eletropostos bidirecionais para serem instalados em shopping centers e empresas, por exemplo, para compartilhar a energia que sobra na bateria do carro em escala maior.
“Para testar esse projeto precisávamos de carros elétricos bidirecionais, que recebem e transferem a energia e, por enquanto, só o modelo Leaf tem essa tecnologia”, afirma Osako. A empresa cedeu inicialmente dois carros para os testes, mas, segundo Silva, a parceria irá além disso futuramente.
Reciclagem
Essa é a segunda parceria da Nissan para promover a mobilidade elétrica no País. Desde o ano passado a empresa aceita encomendas do Leaf, modelo 100% elétrico mais vendido globalmente. Até agora foram vendidas 15 unidades, mas Silva aposta em maior demanda até o fim do ano.
O primeiro passo da empresa ocorreu em agosto passado, quando fez parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para estudar aplicações possíveis para baterias após seu descarte. Uma das alternativas é usá-las para armazenar energia e atender comunidades remotas onde a eletricidade não chega. No Salão de Automóvel de São Paulo, em novembro, a empresa usou baterias retiradas de carros (que tem vida útil é de oito anos), para iluminar parte do seu estande.
“Até o fim do ano faremos mais duas parcerias”, informa Silva. Uma é para desenvolvimento de tecnologias para a reciclagem das baterias que não tiverem mais nenhum uso e outra para dar continuidade ao projeto do uso da célula a combustível, que funciona com energia elétrica e etanol. A Nissan já testou um carro movido com essa tecnologia em 2017.
O Estado de São Paulo - 08/02/2019
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