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No Centro-Sul, clima e envelhecimento dos canaviais levam a moagem mais tímida no ciclo 2018/19

09 de Maio de 2018

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As condições climáticas no primeiro mês da safra 2018/19 de cana-de-açúcar no Centro-Sul e as previsões para o médio prazo motivaram a consultoria INTL FCStone a reduzir ainda mais sua expectativa para a moagem, em 3 milhões de toneladas, para 587,7 milhões de toneladas - ficando, portanto, 1,4% abaixo do processamento de 2017/18.

"Previsões para os próximos meses apontam que o La Niña - fenômeno causado pelo resfriamento do Oceano Pacífico Equatorial - observado no primeiro trimestre deste ano deve tornar o tempo mais seco e frio em relação à média histórica", explica o analista de mercado do grupo, João Paulo Botelho. Dados de abril apontam que apenas 47,1 mm precipitaram sobre as lavouras do Centro-Sul, uma queda de 55,8% em relação à mesma época do ano passado.

Destaca-se que a menor incidência de chuvas sobre os canaviais tende a favorecer a concentração de açúcares no colmo da cana, fator que levou a consultoria a elevar a estimativa para a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR médio) em 0,4%, para 135,5 kg por tonelada de cana-de-açúcar.

Com relação ao mix produtivo, confirma-se viés mais alcooleiro devido à remuneração mais atrativa no comparativo com o açúcar. A desvalorização do adoçante no mercado internacional desde o mês de janeiro de 2018 - o contrato contínuo do demerara em NY caiu quase 24% - mantêm a remuneração do biocombustível mais vantajosa ante a do açúcar.

 "O etanol chegou a pagar 33,4% a mais que o açúcar no pico da última entressafra, considerando a média ponderada para cada um dos dois produtos. Mesmo que este diferencial tenha recuado para uma média de 11,9% em abril, a vantagem oferecida pela produção do álcool carburante perante o açúcar ainda é a maior de toda a nossa série histórica para o primeiro mês da safra", reforça o analista Botelho.

Na avaliação da INTL FCStone, o mix alcooleiro de 2018/19 foi elevado em 0,7 ponto percentual em relação à 2ª revisão, para 59,2% - o maior desde a safra 2015/16.

A projeção de produção do açúcar foi reduzida em 500 mil toneladas, para cerca de 31 milhões de toneladas, enquanto a de etanol de cana foi ajustada para 27,7 milhões de m³, o que representa um crescimento de 8,1% em relação à 2017/18.

"Este aumento é fomentado por um maior output de hidratado no comparativo anual, de 16,7 milhões de m³ (+9,4%). Mesmo com um menor incentivo ao consumo de gasolina, a produção de anidro de cana deve se elevar para 11 milhões de m³ (+6,2%)", explicou a consultoria, em relatório.

Vale destacar que o preço do etanol nos postos ainda não absorveu totalmente a redução no preço ao produtor, desta forma, ainda há espaço para novas quedas. Consequentemente, a tendência de queda na paridade deve estimular ainda mais a demanda pelo hidratado nos próximos meses.

Fonte: INTL FCStone – 08/05/2018

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