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O setor sucroalcooleiro pernambucano atento às consequências do Covid-19

17 de Março de 2020

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Quando o mundo vive uma situação de pandemia, o difícil é imaginar segmentos da economia que não sejam afetados pelo problema, ainda que mais indiretamente. O setor sucroalcooleiro pernambucano, por enquanto, está em compasso de espera, mas afirma estar atento aos acontecimentos.

No mercado de exportações, o preço das bolsas de açúcar tem caído devido à sua correlação (em virtude do etanol) com a precificação dos barris de petróleo. Apesar da constante volatilidade inerente ao negócio, houve uma queda no preço básico da commodity entre 15% e 21%, nos últimos trinta dias, depois de um período em que havia a sinalização de recuperação. Os números são instáveis, por isso a falta temporária de liquidez é interpretada, por enquanto, apenas como um período de retração.

De acordo com Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar, mesmo oriundo da cana-de-açúcar ou beterraba, por exemplo, o preço do açúcar sofre influência do barril de petróleo devido à sua correlação com o etanol. “E o mercado de commodities, agropecuário, é muito sensível a questões de exportações e mercado interno”, explica.

Sobre o mercado interno, inclusive, Renato acredita que ainda não há uma recessão, embora as vendas estejam em uma cadência menor. Atualmente, apenas duas das 12 usinas do estado ainda estão moendo. As demais já iniciaram a entressafra e pararam a moagem. Cenário sem relação ou qualquer interferência com a pandemia do Covid-19. Ele acredita, entretanto, que no Brasil sempre há uma demanda reprimida para este consumo, o que terá como consequência a recuperação do mesmo. “Sem dúvida, o mercado interno não está tão aquecido. A tendência, entretanto, é esperar. Está muito cedo para traçarmos um panorama.

Haverá um freio no consumo, mas acreditamos que isto não deve perdurar, até porque se trata de um produto com preços bem acessíveis”, detalha.

Renato destaca, ainda, que este freio devido à questão da saúde pública veio atrelado a uma sucessão de fatores como o recente embate petrolífero entre Rússia e Arábia Saudita, que resultou na baixa do preço do petróleo. “É uma consequência de vários aspectos. Então, quando estas questões se dissiparem, as demandas que ficaram reprimidas devem voltar ao seu patamar de normalidade”, destaca. Ele lembra, também, que as maiores preocupações, atualmente, estão relacionadas a outros fatores. “Temos tributos a pagar, empregos a serem mantidos, uma série de compromissos com fornecedores, bancos. Então, havendo uma queda abruta de consumo, é possível que tenha que haver certo reordenamento, reescalonamento nestes compromissos para que a economia não sofra impactos maiores e mais sérios”, conclui.

  

Fonte: Diário de Pernambuco -17/03

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