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OIT elogia projeto modelo de requalificação de trabalhadores no setor

23 de Maio de 2018

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Classificado como uma “iniciativa importante para o treinamento de cortadores de cana” em recente publicação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Projeto RenovAção é considerado um dos mais bem-sucedidos programas de requalificação profissional da cadeia produtiva sucroenergética brasileira.

O programa foi responsável direto pela formação de quase sete mil trabalhadores rurais deslocados pela introdução da mecanização da colheita de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo, além de servir como inspiração para a formação indireta de outros 24 mil em ações semelhantes promovidas por usinas de todo o Brasil.

Citado no capítulo sobre responsabilidade social do relatório “Emprego Mundial e Perspectivas Sociais 2018”, lançado em 14 de maio pela OIT e que traz uma análise das oportunidades de empregos que serão geradas pelas energias renováveis até 2030, o RenovAção vem sendo reconhecido desde 2012 como uma iniciativa modelo por diversas instituições de prestígio, dentre elas a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e a ONG canadense International Institute for Sustainable Development (IISD).

Maria Luiza Barbosa, consultora de Responsabilidade Social da União da indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), entidade que coordenou o RenovAção entre 2010 e 2015 em parceria com a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (FERAESP), ressalta a importância do projeto para a recontratação de um contingente expressivo de profissionais, cuja atividade do corte manual da cana com o uso do fogo, método de pré-colheita, foi praticamente abolida nos canaviais paulistas após a implementação do Protocolo Agroambiental no Estado.

“O programa foi um marco para a indústria sucroenergética e demonstrou a capacidade empreendedora do setor, que aliou inovação tecnológica a boas práticas socioambientais. Foram 30 cursos, muitos com a carga superior a 300 horas, com aulas práticas e teóricas oferecidas pelo Senai em seis regiões canavieiras para diferentes funções na indústria, sempre observando as demandas locais por mão-de-obra”, explica Maria Luiza.

 Segundo relatório do projeto, mais de 78% dos participantes se recolocaram no mercado de trabalho nas cidades de Ribeirão Preto, Piracicaba, Bauru, Araçatuba, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, obtendo um aumento médio na renda de até 75%.

“Além de treinar quase sete mil ex-cortadores para ofícios de mecânico automotivo, soldador, tratorista e operador de colheitadeira, também incluímos conceitos de cidadania e estímulos ao empreendedorismo em outros cursos do RenovAção junto às comunidades que vivem nos entornos das usinas”, ressalta a consultora da UNICA.

Em cinco anos de projeto, 1.838 pessoas foram capacitadas em unidades do Centro Paula Souza para as áreas de informática básica, eletricista residencial, tornearia mecânica, horticultura, confeiteiro, corte e costura, entre outras. Outras 868 pessoas com pouco ou nenhum estudo também aprenderam habilidades básicas de leitura e escrita.

Modelo

A comunhão entre diferentes elos da cadeia sucroenergética – entidades de classe (UNICA e Feraesp), usinas (mais de 80 unidades industriais), fabricantes de máquinas e implementos agrícolas (Syngenta, FMC, John Deere, Case IH e Iveco) e organizações internacionais (Banco Interamericano de Desenvolvimento e Fundação Solidariedad) – fez do RenovAção um modelo para a criação e aperfeiçoamento de outros projetos visando a requalificação da mão-de-obra no campo.

“A experiência adquirida ao longo de cinco anos contribuiu não apenas para impulsionar a requalificação de mais 24 mil trabalhadores em novas iniciativas realizadas individualmente pelas usinas, como também para o aprimoramento dos cursos oferecidos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) ”, enfatiza a representante da UNICA.

Coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDIC), o Pronatec reúne um leque de políticas de capacitação e inclusão social cujos recursos são geridos pelo Ministério da Educação (MEC).

“O fato de as usinas utilizarem os serviços de escolas técnicas como o Senai e o Centro Paula Souza por meio do RenovAção, facilitou a atração de outros trabalhadores da indústria sucroenergética para o Pronatec”, observa Maria Luíza. Com isso, de 2013 a 2017, mais 3.855 ex-cortadores de mais de 80 usinas brasileiras aprenderam uma nova profissão.

(Fonte: Unica – 22/05/2018)

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