18 de Maio de 2018
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A Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê menor crescimento do comércio internacional de mercadorias, em volume, nos próximos meses. E pesquisas com setores industriais já apontam os primeiros sinais de desaceleração nas exportações de economias emergentes, que passam atualmente por outras turbulências.
O mais recente Indicador de Perspectivas do Comércio Mundial (WTOI) da OMC, que dá informações em tempo real sobre a trajetória das trocas globais, mostrou que o crescimento das exportações e importações seguem fortes, mas o ritmo pode cair no segundo trimestre.
O WTOI caiu para 101,8, de 102,3 em fevereiro - números acima de 100 indicam crescimento acima da tendência no médio prazo. Essa queda ocorre sobretudo pela baixa nos índices de encomendas de exportações (ficou em 98,1) e de frete aéreo internacional de cargas (caiu para 102,5). O movimento de contêineres nos portos permaneceu acima da tendência (com 105,8), mas estagnou.
Por sua vez, a produção e venda global de automóveis (97,8) e de commodities agrícolas (95,9) continuam abaixo da tendência recente. Já o comércio de componentes eletrônicos cresceu (104,2).
Conforme a OMC, esses resultados estão em linha com sua estimativa de expansão moderada do comércio global, de 4,7% em 2017 para 4,4% em 2018 e 4% em 2019. Mas o diretor-geral, Roberto Azevêdo, alertou recentemente que essas previsões correm risco com a escalada de tensões comerciais, no rastro de medidas unilaterais tomadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Ontem, foi a vez de o Japão ameaçar retaliar os EUA por causa de sobretaxa aplicada nas exportações japonesas de aço.
Para os emergentes, o cenário se complica. O "Monitor de Comércio e Economias Emergentes", da Capital Economics, em Londres, mostra que o avanço das exportações desse grupo de países já começou a atenuar e continuará enfraquecendo nos próximos meses.
A consultoria se baseia em duas grandes pesquisas junto aos setores industriais, o Markit PMI (índice de gerente de compras) e o Ifo World Economic Survey. O componente "novas encomendas de exportações" para emergentes caiu para o nível mais baixo em 16 meses, sobretudo por causa de fraqueza da Ásia. As duas pesquisas juntas apontam menor crescimento das exportações em volume de 6% (em base anual) no primeiro trimestre para 1% no terceiro trimestre - ou seja, queda importante na segunda metade do ano.
A consultoria ressalva que durante a crise da dívida na zona do euro os industriais superestimaram risco de contágio e chegaram a prever uma desaceleração bem maior do que realmente ocorreu nas exportações.
O cenário atual, apesar de retórica agressiva dos EUA e em outras partes, ainda não teve mudanças importantes de política comercial.
Mas a Capital Economics nota que não apenas o volume de exportações dos emergentes poderá ser menor, como em termos de dólar as vendas já perderam força, pelos resultados recentes de países como a China, Brasil, Coreia do Sul, Chile, Vietnã e Taiwan.
A expectativa é de que um menor crescimento na China, parceiro-chave para a maioria dos países, deve pesar nas exportações dos emergentes. O francês Société Générale observa que, apesar da recente forte retomada na produção industrial, vários indicadores de demanda doméstica desaceleraram em abril. As condições de crédito na China continuam apertadas e a dificuldade econômica real começa a aparecer, com a rápido alta no custo de financiamento.
A inquietação com os emergentes aumenta com os sinais de vulnerabilidade financeira na Argentina e na Turquia. Para o Instituto Internacional de Finanças (IIF), o abalo na Argentina pode ser apenas a ponta do iceberg. Nota que desde o início do ano tem mostrado preocupação com a alta global dos juros, que expõem as vulnerabilidades desse grupo de países.
Fonte: Valor Econômico – 18/05/2018
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