01 de Novembro de 2017
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Os compromissos de redução de emissões de gases-estufa que os países fizeram para o Acordo de Paris somam apenas um terço do esforço do que deveria ser feito para que se evitem os piores impactos da mudança do clima.
A boa notícia é que a adoção de novas tecnologias com investimentos de menos de US$ 100 por tonelada podem reduzir as emissões em até 36 gigatoneladas de CO2 equivalente ao ano até 2030, o que seria suficiente para permitir que o aumento da temperatura fique no limite de 2o C.
Estes dados constam da oitava edição do “Emissions Gap Report” , relatório divulgado nesta terça-feira em Genebra pela ONU Meio Ambiente (a agência das Nações Unidas conhecida pela sigla Unep) a alguns dias da próxima rodada de negociações climáticas em Bonn, na Alemanha, que inicia dia 6 de novembro.
“Um ano depois do Acordo de Paris ter entrado em vigor, ainda nos encontramos na situação inaceitável de que não estamos fazendo o suficiente para salvar milhões de pessoas de um futuro miserável”, diz Erik Solheim, diretor-executivo da ONU Ambiente, em nota divulgada à imprensa.
“Isto é inaceitável. Se investirmos nas tecnologias certas, se garantirmos que o setor privado está realmente comprometido, podemos ainda cumprir a promessa que fizemos aos nossos filhos de proteger o futuro deles. Mas temos que agir agora”, apela Solheim.
Os governos deveriam aumentar a ambição de suas promessas de corte de emissões – e deveriam fazer isso logo. Além disso, deveriam promover mais intensamente o uso de energia solar e eólica, aparelhos eficientes, carros sem combustíveis fósseis, estimular o reflorestamento e dar fim ao desmatamento. Concentrando-se apenas nas ações recomendadas nessas áreas – que têm custos modestos ou líquidos negativos – podem cortar até 22 gigatoneladas de CO2 equivalente em 2030.
Mas o relatório indica que as ações do setor privado e subnacional não estão aumentando a taxas que poderiam preencher este hiato entre os compromissos no papel e o que os estudos científicos indicam que deveria ser feito. Lembra que com os compromissos atuais o aumento da temperatura de 3o C em 2100 é muito provável – e isto trará impactos climáticos ainda mais sérios ao planeta.
Se os Estados Unidos seguirem com a intenção de deixarem o acordo, a situação será ainda mais grave. Os EUA são o segundo maior emissor do planeta, perdendo apenas para a China.
O relatório da ONU Meio Ambiente inova este ano ao elencar com visibilidade tecnologias e práticas de redução de emissão. São ações que já existem e podem ser adotadas na agricultura, tecnologias para a construção civil, energia, indústria e transportes.
Segundo o estudo da ONU Meio Ambiente, as atuais promessas de Paris fazem com que as emissões de gases-estufa cheguem a algo entre 11 e 13,5 gigatoneladas de CO2 equivalente acima do nível necessário para permanecer na rota indicada pelos cientistas de menor custo para atingir o objetivo de limitar o aquecimento a 2o C.
Uma gigatonelada é quase o equivalente a um ano das emissões de transportes na União Europeia, incluindo a aviação, diz a nota à imprensa.
A ação forte em outras pautas climáticas – como com os poluentes que afetam a camada de ozônio e também são gases de efeito estufa ou reduzir poluentes climáticos de curta direção, como fuligem – também podem contribuir de forma real para reduzir os impactos da mudança do clima.
A concentração de dióxido de carbono na atmosfera da Terra registrou uma alta recorde no ano passado, atingindo 403,3 partes por milhão (ppm), de 400 em 2015, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O aumento registrado em 2016 foi 50% maior do que a média dos últimos dez anos, segundo o órgão ligado às Nações Unidas.
Os pesquisadores disseram que uma combinação de atividade humana e um particularmente forte El Niño, entre 2015 e 2016, levou à concentração de CO2 a um nível que não era observado em 800 mil anos.
(Fonte: Valor Econômico - 01/11/17)
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