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Pesquisa sobre fertilização em áreas de cultivo de cana é premiada na Inglaterra

04 de Julho de 2018

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Um trabalho de pesquisa sobre o uso de rochas de basalto como fertilizante mineral em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia-Energia na Agricultura da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp de Botucatu (100 quilômetros de Bauru), foi premiado durante conferência científica realizada por uma universidade da Inglaterra.

A pesquisa intitulada "Use of basalt rock dust as mineral fertilizer to sustain sugarcane production" é de autoria da doutoranda Miriam Büchler Tarumoto e contou com a orientação do professor Carlos Alexandre Costa Crusciol.

Ela foi apresentada durante a "SAgE Research Associate Network Scientific Conference 2018 Sustainable Development Goals", realizada em junho pela Faculty Science Agriculture and Engineer (SAgE), da Newcastle University, na Inglaterra, e foi a segunda colocada dentre os estudos desenvolvidos pelos grupos de pesquisa da instituição britânica.

Miriam considera o reconhecimento atribuído pelo prêmio muito significativo. "Esse tema não é muito conhecido no Brasil e, por isso, há certa resistência a esse tipo de manejo nas culturas", diz. "É extremamente significativo recebermos esse prêmio na Inglaterra, um centro de referência onde há estudos avançados sobre esse tema", completa o orientador.

A pesquisa

Na área de cana-de-açúcar, principalmente no Brasil, o uso de rochas de basalto como fertilizante mineral, tema abordado no trabalho, não é muito conhecido ou aceito. A pesquisa mostrou que esta técnica tem o potencial de melhorar a atividade microbiana do solo, afetada quando não há uma rotatividade de culturas durante longos períodos.

"A hipótese do trabalho que estamos realizando aqui no Reino Unido é que a adição do pó de basalto, rico em minerais e, portanto, em elementos químicos, aumenta a diversidade e quantidade das populações microbianas nesses solos", explica Miriam.

"Dessa forma, podem ativar as comunidades microbianas já existentes no solo, porém inativas ou em baixa população, e uma parte desses microrganismos pode ser promotor do crescimento, interagindo com a planta, estimulando seu desenvolvimento, aumentando seu metabolismo que, por sua vez, fornece maior quantidade de compostos para a comunidade microbiana, criando um ciclo e promovendo o melhor desenvolvimento da cultura".

Efeito rápido

Os pesquisadores vislumbraram uma possibilidade de investigar o tema após o inesperado aumento de produtividade da cana-de-açúcar, tanto em cana planta (primeiro plantio) como na soqueira (rebrota), já no primeiro ano de cultivo. O efeito do pó de basalto foi considerado muito rápido quando comparado a outras pesquisas já realizadas.

"Porém, ainda não era possível explicar esse desempenho com base na fertilidade do solo ou qualidade nutricional da planta. Assim, estava acontecendo alguma coisa além do que podíamos enxergar com as análises comumente realizadas para culturas", explica Miriam.

Uma parte do estudo foi realizada em parceria com o professor Antonio Azevedo, da Esalq-USP. Foi na intenção de aprofundar a pesquisa que a doutoranda, com apoio da Capes, foi realizar parte do seu doutorado no Reino Unido, de onde só voltará no segundo semestre deste ano. Na etapa do trabalho em andamento na Newcastle University, ela é orientada pelo geomicrobiologista Neil Gray e pelo geologista (geoquímica e mineralogia) David Manning.

Fonte: Jornal da Cidade/Bauru – 04/07/2018

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