10 de Setembro de 2018
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Como formadora de preço, a Petrobras não teria motivo para fazer hegde (mecanismo para proteção financeira) no mercado interno, porque não tem do que se defender, analisou a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas Energia, Fernanda Delgado, que viu na decisão anunciada nesta quinta-feira (6) pela estatal, de segurar o preço da gasolina por até 15 dias para reduzir a volatilidade, um sinal perigoso para a competitividade do mercado.
"Não faz sentido uma empresa monopolista fazer hedge. Quando você controla preço, seja do jeito que for, você não traz competitividade para o mercado. Isso desconstrói a confiança dos investidores, porque a qualquer problema o governo vem e interfere", avaliou Delgado.
A Petrobras vem praticando desde julho do ano passado o ajuste de preços de acordo com o mercado internacional, com variações quase diárias, dando fim a uma política que não repassava a volatilidade dos preços para o mercado interno, mas que trouxe prejuízo para a empresa.
Por causa da greve dos caminhoneiros, a estatal reduziu e depois congelou os preços do diesel em troca de subsídio do governo. Até hoje o governo não reembolsou a estatal, alegando demora na análise no grande volume de notas fiscais.
A pesquisadora da FGV Energia destaca que o mercado de combustíveis só conseguirá reduzir os preços quando houver competitividade no refino do petróleo, o que está sendo desconstruído com medidas como a tomada pela Petrobras.
"Ninguém senta para reavaliar os tributos dos combustíveis, ou recriar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) para não desconstruir o mercado que estava sendo construído para atrair novos agentes para o refino", avaliou.
Fonte: Estadão Conteúdo - 06/09/2018
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