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Petrobras abre caminho para maior atuação de distribuidoras, diz Sindicom

29 de Março de 2017

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A Petrobras está abrindo caminho para uma maior concorrência no setor de combustíveis, ao estimular que distribuidoras busquem uma parcela de sua demanda com outros fornecedores, afirmou à Reuters o presidente do sindicato das distribuidoras de combustíveis no Brasil (Sindicom), Leonardo Gadotti.

Para isso, nos contratos com as distribuidoras, a estatal tem buscado não garantir mais 100% do suprimento, ao contrário do que fazia anteriormente, quando se comprometia com toda a demanda, mesmo que fosse necessário fornecer volumes de outras regiões ou até mesmo de fora do país.

Com a mudança, as contratantes serão responsáveis por procurar no mercado os volumes que a Petrobras eventualmente não tenha disponível.

Em entrevista à Reuters, na sede do Sindicom, Gadotti frisou que a iniciativa da petroleira está em linha com o seu reposicionamento, que busca dar espaço para novos atores, estimulando o livre mercado.

“Acho que o momento é certo para isso, à luz da própria visão que a Petrobras colocou: ‘eu não quero mais ser o grande salvador da pátria aqui, eu quero dividir com vocês essa questão do abastecimento'”, afirmou o presidente do Sindicom, com associados que respondem por aproximadamente 75 por cento do mercado de distribuição de combustíveis automotivos no Brasil.

Os novos contratos, segundo o executivo, começaram a ser assinados após a nova política de preços de combustíveis da companhia, lançada em outubro, abrindo caminho para que as distribuidoras busquem compras externas.

Em sua nova política, a Petrobras promete não praticar preços abaixo dos valores pagos por ela para importar combustíveis.

“(As importações) vieram para ficar, são saudáveis, trazem opções e competição. Então, isso deve fazer parte da vida do mercado como um todo, em qualquer mercado moderno é assim”, disse Gadotti, que tomou posse da presidência do Sindicom em dezembro, após deixar a presidência do conselho do sindicato.

Durante muitos anos, a Petrobras era praticamente a única empresa que importava combustíveis. Isso porque, durante esse tempo, a petroleira vendeu gasolina e diesel no Brasil por preços abaixo dos praticados no mercado internacional, tornando impossível comercialmente para outras empresas importarem.

O presidente do Sindicom explicou, no entanto, que na prática, a Petrobras permanece em grande parte fornecendo 100 por cento da demanda das distribuidoras, uma vez que ela ainda é a grande supridora nacional.

“Não é que ela não supre os 100 por cento, ela supre, mas não necessariamente ela te dá garantia disso. Uma parte desse produto você pode eventualmente trazer de fora, comprar de um outro fornecedor local caso exista”, declarou.

Gadotti explicou que a Petrobras tem dado ainda a opção de complementar a demanda das distribuidoras, quando necessário, com contratos de curto prazo.

Para Gadotti, no entanto, esse é apenas um primeiro passo para uma grande mudança que está por vir nos setores de refino, transporte e comercialização de combustíveis, liderada pelo governo federal e com amplo apoio da indústria.

Procurada, a Petrobras não se manifestou imediatamente sobre o assunto.

(Fonte: Reuters – 28/03)

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