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Petrobras corta investimento e quer reforçar agenda ambiental

27 de Novembro de 2020

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A Petrobras anunciou ontem uma redução de US$ 20 bilhões em seus planos de investimento para os próximos cinco anos. O Plano estratégico para o período 2021-2025 prevê investimentos de US$ 55 bilhões e reflete o impacto da pandemia do covid-19, que reduziu o preço e a demanda da commodity no mundo. Esse é o segundo corte na projeção de orçamento feita pela companhia sob o comando de Roberto Castello Branco desde janeiro de 2019.

O detalhamento dos planos estratégicos mostrou que a petroleira decidiu trocar uma alta mais forte na produção por ativos mais lucrativos. A decisão levou à redução das previsões de crescimento e reforçou a prioridade no pré-sal e na redução da dívida. Uma novidade fora dos números foi o destaque às preocupações ambientais. A mensagem é que, mesmo com as forças voltadas ao combustível não renovável, a Petrobras também quer ser "verde".

Do total dos investimentos, 84% será voltado para o setor de exploração e produção, sendo que a maior parte, US$ 32 bilhões, aplicados na região do pré-sal, onde a Petrobras tem conseguido produzir a custos compatíveis com o declínio do preço do petróleo

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, o plano é coerente com a atual gestão, que tem deixado claro que vai focar no seu principal negócio, a exploração do pré-sal. "Foi um, plano que não me surpreendeu e está bem fundamentado."

"Claro que se a empresa continuar desinvestindo, essa curva (de produção) pode ser revista", disse Tasso Vasconcellos, analista da Eleven Financial. Ainda assim, ele considera que o plano é positivo em um prazo mais longo. "Historicamente, o foco da Petrobras nunca foi a eficiência, mas isso está mudando."

Analistas viram um conservadorismo na meta de redução da dívida.

Com a geração de caixa deste ano, era especulado que o nível de US$ 60 bilhões seria esperado já para o ano que vem, mas a Petrobras preferiu mantê-lo no horizonte para 2022. O número, o menor em uma década, vai sinalizar que a petroleira está pronta para pagar dividendos extras, algo que hoje ela não faz.

Os planos para reduzir o forte endividamento da companhia também foram afetados no plano estratégico pelas mudanças do mercado. A Petrobras previa vender ativos este ano, como refinarias, campos de petróleo e a Gaspetro (que reúne distribuidoras de gás), mas por causa da pandemia os negócios não foram adiante. Este ano, a dívida deve fechar em US$ 67 bilhões, disse a companhia.

Petroleira verde. A Petrobras fez ainda sinalizações de que vai reforçar a agenda da sustentabilidade ambiental ao revisar suas metas de redução de emissões de gases poluentes. Mais do que isso, atrelou a remuneração variável de seus funcionários ao cumprimento dessas metas, sinalizando que pretende ir além do discurso.

Especialistas veem como um passo audacioso. Ao priorizar o petróleo, ao contrário de rivais internacionais que apostam em energias renováveis, a Petrobras atrelou seu futuro a um combustível relacionado à degradação ambiental. Agora, precisa sinalizar que compensará os impactos. "Se as empresas não fizerem isso, não haverá procura pelos papéis", diz Shin Lai, estrategista da Upside Investor.

 

Fonte: Estadão Conteúdo – 26/11

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