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Petrobras eleva preço da gasolina

14 de Maio de 2020

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A Petrobras aumentará em 10% os preços da gasolina, nas refinarias, a partir de hoje. Não haverá mudanças para o diesel. O reajuste, o segundo em uma semana, ocorre em meio a pressões públicas do presidente da República sobre o aumento dos preços da estatal. Na semana passada, após a petroleira aumentar em 12% a gasolina, Jair Bolsonaro classificou a alta como uma “manobra” da estatal e disse que questionaria a companhia sobre o aumento.

A reação do presidente ocorre após meses seguidos de queda nos preços praticados pela empresa. Ao todo, a Petrobras já reduziu em 46,5% o valor do litro da gasolina, nas refinarias, no acumulado do ano. Para efeitos de comparação, a desvalorização do petróleo em 2020 é de 55% - vale lembrar, contudo, que os reajustes da empresa levam em consideração também o câmbio e eventuais estratégias de captura participação de mercado.

Este mês, contudo, houve uma reversão no movimento da Petrobras e a alta acumulada da gasolina nas refinarias já é de 23,2% na primeira quinzena, em meio a uma valorização da commodity no mercado internacional nas últimas semanas. O barril do tipo Brent, referência global e que terminou abril cotado a US$ 25, subiu para a casa dos US$ 29.

Segundo a Abicom, associação que representa os importadores, os principais concorrentes da estatal no abastecimento ao mercado doméstico, havia espaço para um reajuste ainda maior por parte da petroleira estatal.

A alta da gasolina anunciada pela companhia para hoje é de R$ 0,1024 o litro. A Abicom estima que, mesmo com o reajuste, a Petrobras continua vendendo seus produtos abaixo da paridade internacional. No caso da gasolina, a defasagem é de R$ 0,15 o litro, após o aumento anunciado para esta quinta-feira. Para o diesel, essa defasagem está na faixa dos R$ 0,25 o litro.

A Abicom considera, em suas contas, as despesas para internalização do produto até o porto e acrescenta a esses valores os custos com taxas portuárias, armazenagem e frete até o ponto de entrega. Já a Petrobras alega que o preço de paridade internacional “não é um valor absoluto, único e percebido da mesma maneira por todos os agentes” e varia de agente para agente.

Na semana passada, a declaração do presidente da República colocou o comando da estatal contra a parede e voltou a levantar dúvidas sobre o grau de autonomia da petroleira. O banco UBS publicou um relatório sobre o assunto, destacando que a Petrobras tem sido bem sucedida na aplicação de sua política de preços dos combustíveis no mercado doméstico em paridade com os preços internacionais, mas que comentários do governo sobre os movimentos de preços podem aumentar a percepção de riscos dos investidores.

“Apesar de destacar que ele [Bolsonaro] não estava intervindo na política de preços da empresa, acreditamos que quaisquer comentários de governo sobre os movimentos de preços da Petrobras poderiam aumentar a percepção de risco dos investidores no caso”, escreveram os analistas Luiz Carvalho e Gabriel Barra.

O UBS observa que, além de pressionar para baixo das margens de refino, o não repasse do aumento dos preços internacionais pode ter um efeito negativo sobre a percepção de risco dos investidores potencialmente interessados nas refinarias à venda pela petroleira.

 

Fonte: Valor Econômico - 14/05 



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