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Petroleiras se ajustam à transição energética

29 de Setembro de 2020

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Petroleiras em todo o mundo têm formulado diferentes estratégias de preparação para um cenário futuro onde a baixa emissão de carbono será cada vez mais discutida e demandada. É o que afirmaram diversos executivos, em evento on-line sobre commodities promovido pelo “Financial Times”.

Para o vice-presidente executivo para iniciativas integradas de gás da Shell, De la Rey Venter, além de oferecer soluções de energias limpas, será crucial que as petroleiras também ajudem os clientes nos esforços de descarbonização. Ele acredita que o gás natural será importante, principalmente na substituição do carvão como insumo energético. O gás é considerado estratégico para garantir fornecimento frente ao aumento de protagonismo de renováveis, como eólica e solar, na matriz global.

“Há medo entre alguns de que o gás travará outras alternativas energéticas mais limpas, mas na verdade ele possibilita com que renováveis se desenvolvam. Começaremos a substituir gás natural por hidrogênio, por exemplo, quando este estiver disponível e for competitivo”, explicou o executivo.

Também presente no evento, o CEO de evolução energética da petroleira italiana Eni, Massimo Mondazzi, defendeu que as companhias precisam estar mais alinhadas sobre as métricas usadas para medir as emissões de carbono, por exemplo. Ele lembrou que diversas incertezas rondam o mercado nos próximos anos, como questões relacionadas à demanda e ao preço da commodity, além de avanços tecnológicos que podem acelerar a transição energética, como estudos sobre fusão nuclear.

Já o vice-presidente de transição energética da Chevron, Daniel Droog, disse que os acionistas estarão de olho na transparência das empresas, em meio à transição. “Queremos ter clareza e prestar contas sobre o que fazemos.”

A vice-presidente executiva de estratégia e sustentabilidade da BP, Giulia Chierchia, lembrou que investimentos em fontes alternativas de energia são positivos para as petroleiras, pois ajudam a diversificar o portfólio. No entanto, ela ressaltou que, apesar do foco no aumento da transparência, há incertezas sobre a percepção dos investidores. “Não sabemos quanto tempo levará para os investidores nos recompensarem por estes esforços”, afirmou, lembrando que, mesmo num cenário de rápida transição, óleo e gás continuarão responsáveis por atender pelo menos 40% da demanda global de energia nas próximas décadas.

Em meio à atual crise na demanda, causada pela pandemia, o vice-presidente da petroleira russa Rosneft, Didier Casimiro, defendeu maior cooperação e coordenação entre os países. Ele afirma que os cortes de produção do grupo conhecido como Opep+ têm funcionado e criticou países que não aderiram ao corte por questões políticas. “Não entendo uma parte do mundo tentar estabilizar o mercado enquanto outra continua a bombear petróleo. Constranger nações e criar divisões entre companhias não vai ajudar ninguém”, disse. A meta de cortes no suprimento da Opep+ está em 7,7 milhões de barris por dia, após a redução de 9,7 milhões de barris por dia entre maio e julho.

Didier crê que o baixo investimento em exploração pode prejudicar o fornecimento nos próximos anos. “Se o mundo voltar a ser como era antes da covid-19, vamos ter apertos no fornecimento.”

 

Fonte:  Valor Econômico - 29/09 

 

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