23 de Outubro de 2017
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O Brasil está se posicionando como embaixador global dos biocombustíveis, combatendo as mudanças climáticas com estímulos à demanda por etanol. Mas é difícil vender esse plano em um mundo inundado de petróleo barato.
O Brasil é um dos líderes da Biofuture Platform, grupo de 20 países que também inclui os EUA, a China e a França. A organização foi formada na conferência climática anual das Nações Unidas, no Marrocos, no ano passado, e planeja apresentar uma estratégia global para promover o desenvolvimento e o uso de combustíveis de baixo carbono na reunião deste ano em Bonn, no mês que vem.
O Brasil não quer ser o único produtor e fornecedor do mundo, segundo José Antônio Marcondes de Carvalho, subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em entrevista. País quer liderar o mercado internacional em bioeconomia, que terá grande diversidade de oferta e demanda, disse.
Essas metas serão difíceis de cumprir, já que o investimento global em combustíveis renováveis caiu juntamente com o preço do petróleo.
O investimento mundial, excluindo aquisições, foi de US$ 264 milhões no primeiro semestre do ano, 25 por cento menor que o do mesmo período do ano passado e menos de um terço dos US$ 882 milhões gastos em 2015, segundo a Bloomberg New Energy Finance.
Os preços do petróleo caíram aproximadamente pela metade em relação a 2014, tirando competitividade dos combustíveis verdes, mais caros.
O consumo de biocombustíveis em todo o mundo precisará se multiplicar por 10 até 2050 para cumprir as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris, segundo o grupo. O aumento do consumo doméstico também é parte importante do esforço do Brasil para cumprir suas próprias metas no marco do histórico acordo de 2015.
E como segundo maior produtor do mundo, o Brasil está ansioso para gerar mais receitas de exportação com o etanol no exterior. O País exportou 144 milhões de litros em setembro, 2 por cento menos que no mesmo mês do ano passado.
O setor de transporte responde por cerca de 23 por cento dos gases causadores do efeito estufa relacionados à energia do mundo e a mudança para os combustíveis verdes ajudará a reduzir as emissões.
Representantes dos países da Biofuture chegarão a Bonn com promessas e metas não vinculativas para impulsionar o investimento doméstico e estimular a oferta e a demanda. Eles também esperam anunciar as políticas que implementarão para cumprir esses objetivos.
Obstáculos
Eles enfrentarão grandes obstáculos, disse Júlio Maria Borges, diretor da consultoria Job Economia & Planejamento, especializada em etanol. O Brasil pode até querer que o mundo consuma mais biocombustíveis do País, mas há poucos sinais de aumento da demanda.
Essas iniciativas para estimular a produção e o uso global do etanol têm sido ineficazes, disse Borges. Segundo ele, o etanol não é competitivo no mundo e o Brasil insiste em promover o etanol globalmente desde a década de 1980, mas nunca funcionou.
Outra ameaça à demanda por biocombustíveis vem dos veículos elétricos. As vendas aumentaram 41 por cento no primeiro semestre de 2017 em comparação com o mesmo período do ano passado, principalmente na China, segundo a New Energy Finance.
Os carros elétricos ainda representam uma pequena parcela da frota global, disse Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Já “o etanol pode ser usado agora e tem muito que avançar em termos de custo, energia e eficiência ambiental.”
(Fonte: Bloomberg - 23/10/17)
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