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Petróleo volta aos US$ 70 neste ano, diz Platts

18 de Fevereiro de 2019

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Os preços do petróleo enfrentam uma pressão de baixa no curto prazo, mas devem voltar a testar os US$ 70 o barril mais perto do fim deste ano, enquanto o mercado começa a se preparar para mudanças nas regras para combustível no transporte marítimo, na avaliação de Mark Schwartz, diretorgeral da S&P Global Platts para o setor de petróleo, com mais de 40 anos de experiência no segmento.

De acordo com o especialista, a oferta de petróleo cresceu muito entre os países que não fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no ano passado, em cerca de 3 milhões de barris por dia. Em 2019, a expansão da produção dos Estados Unidos deve ter um ritmo menor, por conta das limitações na logística para escoamento do xisto ("shale"). "Ainda assim, o crescimento deve ser de cerca de 1,9 milhão de barris por dia, e o Brasil deve contribuir com cerca de 300 milhões de barris por dia", disse Schwartz, explicando que será o segundo maior crescimento entre os mercados fora da Opep.

 "Achamos que a produção no Brasil continuará a crescer. Talvez não tão agressiva como nos planos do governo, mas, havendo as políticas adequadas, não há razão para o Brasil não ter crescimento na produção por no mínimo mais uma década", disse Schwartz. Para o especialista, as atenções da produção fora da Opep hoje estão concentradas no xisto dos Estados Unidos, mas daqui três a quatro anos a produção no país deve começar a desacelerar. "A questão é: vamos ver o xisto crescendo em outras partes do mundo?", questionou, lembrando de países como Argentina, China, Austrália e Rússia que também têm reservas da commodity.

No curto prazo, Schwartz avalia que há risco de uma pressão de baixa nos preços do petróleo porque o uso das refinarias está baixo por conta de paradas para manutenção. O barril do Brent pode testar os US$ 60 por conta disso, segundo o especialista. Até o fim do ano, há chance de um movimento de alta de volta aos US$ 70 o barril, devido à corrida para adequação exigências da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), que determinou que o transporte marítimo precisará usar combustíveis com teor de enxofre reduzido a partir de 2020.

Na sexta-feira, o barril do tipo Brent para abril fechou com alta de 2,6%, cotado a US$ 66,25, maior patamar em três meses. O tipo WTI para março também fechou na melhor cotação em três meses, com alta de 5,4% no dia, negociado a US$ 55,59 o barril. A alta na semana passada foi causada por temores na oferta.

No médio a longo prazo, será o equilíbrio entre oferta e demanda que vai determinar os preços de petróleo no mercado internacional. A mudança do transporte baseado em combustíveis fósseis para a mobilidade elétrica será fundamental nesse equilíbrio de forças. "No lado da demanda, vemos crescimento, mas vai depender no futuro do que esperamos em termos de eficiência de uso de combustíveis e mobilidade elétrica. No lado da oferta, será necessário decidir qual preço é alto o suficiente para que seja possível  atender a demanda sem reduzir o consumo", disse.

"O truque é haver equilíbrio. Sabemos que o preço não pode subir muito, porque senão vai haver uma aceleração da transição para veículos elétricos. Mas não pode cair tanto a ponto de prejudicar a oferta", completou.

Se hoje a Opep consegue, de certa forma, influenciar no equilíbrio de preços ao aumentar ou reduzir sua produção, esse cenário não deve ser mantido no longo prazo, quando outros países devem ganhar mais espaço no segmento. "No futuro, se a Opep subir muito o preço, vai alimentar a demanda contra o petróleo do próprio cartel", disse Schwartz.

Por enquanto, segundo Schwartz, Irã e Venezuela devem continuar em declínio de produção, ajudando a frear o crescimento da produção da Opep. No caso da Venezuela, mesmo que haja uma mudança de governo, tudo dependerá das regras que serão colocadas em vigor no país e se serão suficientes para tornar os investidores confiantes. "É preciso de algo que convença os investidores que, se houver uma administração nova favorável ao mercado, há segurança de que ela vai permanecer."

Valor Econômico - 18/02/2019

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