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Plantio na época certa dá melhor resultado

12 de Maio de 2017

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Atualmente, por conta de uma série de situações e dificuldades, planta-se cana-de-açúcar praticamente o ano todo, mesmo fora do período recomendado como ideal. Para avaliar a influência do plantio feito na época errada, o agrometeorologista Renã Araújo, doutorando na área de Produção Vegetal/Agronomia pela UFPR, analisou os dados de um trabalho de pesquisa instalado na Estação Experimental de Paranavaí.

O agrometeorologista diz que foi possível observar uma grande diferença no desenvolvimento das lavouras plantadas fora do período ideal, que varia dependendo da maturação de cada material. Há duas épocas de plantio: as plantadas de fevereiro a abril, as canas de ano e meio, e as plantadas de setembro a novembro, as chamadas cana de ano.

"É preciso evitar o período de maio a agosto, onde o clima não é propício para o desenvolvimento inicial da cana", afirma Edelclaiton Daros, professor titular da UFPR. Ele explica que nestes meses, normalmente, há falta de chuvas e a temperatura e radiação não são as ideais para a cana crescer.

Afora a perda de rendimento que naturalmente ocorre, a demora na germinação da planta e no seu desenvolvimento, até o fechamento da lavoura, torna as plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças, além do mato-competição.

O resultado, ressalta Daros, são reduções acentuadas na produtividade da lavoura já no primeiro ano, e que podem ser potencializadas na cana soca, diminuindo consideravelmente a média geral e antecipando a reforma do canavial. "É preciso manejar de maneira a aproveitar as condições ideais do tempo para crescer fortemente neste período inicial, com reflexos positivos em todo o ciclo", finaliza.

Sulco deve ser raso e de base reta

Uma área demonstrativa montada na Estação Experimental de Paranavaí, com trabalho mostrando diferentes profundidades de plantio e altura de cobrição do tolete - 5 cm, 10, 20 e 30 cm -, aponta como estes fatores influem fortemente na germinação da planta, no seu desenvolvimento, no número de perfilhos e na produtividade da lavoura.

"Houve uma variação de 15 para 33 perfilhos só considerando o efeito da camada de terra em cima do tolete e a diferença no desenvolvimento é visível. É preciso rever o desenho do sulco de plantio, feito de forma profunda e que compromete o perfilhamento da cana", afirma o engenheiro agrônomo e professor doutor da UFPR, Heroldo Weber.

Normalmente, as usinas plantam com 20 a 30 centímetros de profundidade de cobrição. Isso faz com que a planta demore a germinar e a perfilhar, com prejuízo enorme para a cana-planta.

A recomendação, diz Weber, é fazer o plantio com cinco a 10 centímetros de profundidade, com sulco raso de base reta, e fazer um bom manejo de solo, diminuindo a compactação. "É assustador o impacto mecanização do solo e as operações de preparo e subsolagem não atendem a necessidade", alerta.

O professor doutor acrescenta que se for feito um plantio raso, com bom manejo de solo, que permita que a raiz da cana se desenvolva normalmente, o produtor não terá problema com arranque da cana na colheita. "Só arranca se não tiver sistema radicular".

(Fonte: Jornal Paraná – 11/05/17)

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