04 de Setembro de 2020
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Desafios políticos são o maior entrave para avanço da integração energética regional na América do Sul. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (3) pelo ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Décio Oddone.
“Numa região como a nossa, em que há mudanças políticas o tempo todo, há países com tradição de monopólios e dificuldades para atuação de empresas privadas, a regulação acaba sendo um tema secundário [na questão da integração energética]”, afirmou Oddone, que participou de debate on-line organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Apesar de exemplos bem-sucedidos, como o gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) e a hidrelétrica de Itaipu, a necessidade de maior integração regulatória e a baixa confiança entre os países dificultou aos longo dos anos o avanço de iniciativas nessa área. Na visão de Oddone, as oportunidades de grandes obras de infraestrutura na região para ampliar o intercâmbio de energia já passou e, hoje, novas iniciativas devem estar voltadas para projetos pontuais em regiões de fronteira.
“Quando víamos grandes obras de gasodutos e hidrelétricas, havia maior possibilidade de integração, mas, hoje, temos geração distribuída, renováveis, hidrogênio, e tudo isso caminha para uma maior regionalização. Nesse espaço, a integração perde importância. Acredito mais em oportunidades de complementaridade”, acrescentou.
Por outro lado, há executivos que acreditam que as oportunidades de sinergias entre diferentes fontes de geração renovável na região ainda podem gerar novas iniciativas de integração, principalmente a partir de novas tecnologias, como o chamado ‘hidrogênio verde”.
“O Brasil vai ter muita dificuldade de ocupar um espaço cada vez mais relevante internacionalmente se ele estiver com as costas viradas para os seus vizinhos”, defendeu Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
No momento, o Ministério de Minas e Energia discute a elaboração de novas diretrizes para a exportação de energia elétrica proveniente de excedentes de usinas de fontes renováveis. Duas consultas públicas sobre o assunto, abertas em julho, receberam cerca de 30 contribuições, incluindo comentários de grandes players do setor, como Enel e Engie.
Fonte: Valor Econômico -03/09
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