14 de Agosto de 2020
Notícias
De acordo com o Centro de Pesquisa para Inovação em Gás, se todos os resíduos fossem aproveitados nas usinas sucroenergéticas do Estado de São Paulo, o potencial de geração de eletricidade com biogás atingiria quase 32 TWh, 40% de toda a geração do ano passado da usina Itaipu. O potencial dessa fonte energética foi debatido no webinar “O Biogás e a Modernização do Setor Elétrico”, nessa quinta-feira (13), organizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (COGEN) e a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás). O seminário online, que também contou com a participação de representantes da Raízen, da Cocal e do Ministério de Minas Energia (MME), promoveu debate sobre o aproveitamento do potencial do biogás no setor sucroenergético e o impacto do processo, em andamento, da modernização do setor elétrico brasileiro.
O presidente da UNICA, Evandro Gussi, que fez a abertura do evento, destacou a importância da modernização do setor elétrico para que não se desperdice a diversidade energética que é vista no Brasil. “Ouvimos muito a expressão ‘opção energética’, mas quando nos debruçamos um pouco mais sobre esse tema percebemos que muitas vezes aquilo que parece ser uma opção, na verdade é a falta dela. Trata-se do único caminho que determinadas nações possuem para resolver o problema de demanda por energia. Já no Brasil isso é verdade. Aqui podemos dizer que temos opções energéticas e cada vez mais outras vão surgindo, com pesquisa e tecnologia, solucionando problemas das pessoas e da sociedade”, afirmou.
O biogás é visto como uma alternativa para a produção de energia no Brasil, pois é feito a partir de subprodutos da cana e da produção de etanol e açúcar, como bagaço, torta de filtro, palha e vinhaça. Além de ser usado para produzir bioeletricidade, o biogás também pode ser transformado em biometano e utilizado na matriz de transportes, sendo uma alternativa ao diesel.
“Vejo o que já fizemos em termos de cogeração e a participação que temos na matriz energética brasileira, com a baixíssima pegada de carbono, é algo impressionante. Mas quando penso no que ainda tem para acontecer e no que o futuro reserva para o setor, é algo impensável em qualquer outro lugar do mundo”, comentou Gussi.
“Ao observar apenas os resíduos do processo produtivo, o biogás funciona com pegada negativa de carbono”, complementou Alessandro Gardemann, presidente da ABiogás.
Segundo dados do MME, a produção de biogás aumentou consideravelmente no Brasil, apesar de estar longe de atingir seu pleno potencial. Em 2015, foram produzidos 1.373 mil Nm³/d de biogás, já em 2018 foram 3.111 mil Nm³/d. Na visão do setor produtivo, para incentivar a ampliação da produção seria necessário incorporar as externalidades positivas da fonte na modernização do setor elétrico brasileiro.
“Antes tínhamos um setor elétrico muito focado na parte de geração e distribuição. Hoje vemos uma mudança estrutural deste novo setor elétrico, com novas formas de geração, de armazenamento em escala e a entrada de veículos elétricos. Isso tudo faz com que o nosso setor mude de configuração. Existe uma transição energética em curso, em que a descarbonização é o grande drive para as novas tecnologias, acompanhado da segurança e eficiência energética e da ampliação do poder de escolha do consumidor”, explica André Osório, diretor do Departamento de Informações e Estudos Energéticos do MME.
Em 2019 a bioenergia foi responsável por 54,9 TWh, o que corresponde a 9% da matriz energética brasileira no ano passado, segundo dados do MME. Destes, 67,1% foram provenientes do bagaço e da palha da cana, e somente 2,1% tiveram como fonte o biogás.
“Temos que manter em mente que, com o desenvolvimento econômico do país, a sociedade vai demandar cada vez mais energia elétrica. E essa geração precisa ser neutra em relação à emissão de gases de efeito estufa. Então a importância de estimular projetos e diminuir o hiato entre o potencial e o efetivo aproveitamento do biogás no setor”, comenta Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA.
Fonte: UNICA - 14/08
Veja também
25 de Abril de 2024
Colheita de cana deve cair em 2024/25, mas produção de açúcar vai aumentar, diz ConabNotícias
25 de Abril de 2024
Entenda como o Projeto de Lei "Combustível do Futuro", sob relatoria de um paraibano, fortalece o setor de etanolNotícias
25 de Abril de 2024
Deputados goianos aprovam projeto de benefícios fiscais para biocombustíveisNotícias
25 de Abril de 2024
Mobilidade verde contribui para descarbonizar portfólio do setor financeiroNotícias