01 de Abril de 2019
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O preço da gasolina nas refinarias da Petrobras é o mais alto desde o começo de novembro de 2018. O último reajuste, no dia 16 de março, foi de 1,5% e fez o valor do litro do combustível chegar a R$ 1,8326.
A alta nas refinarias se reflete nas bombas — e no bolso — dos postos brasileiros. Levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), feito de 24 a 30 de março, mostrava que o preço médio do litro de gasolina no país era R$ 4,362, o mais caro em quatro meses.
Quem abastece o carro em grandes cidades brasileiras pode pagar muito acima do valor médio.
A pesquisa da ANP mostra que, no Rio de Janeiro, o litro custa, na média, R$ 4,755. Em Belo Horizonte, o preço do litro gira em torno de R$ 4,567; em Salvador, R$ 4,557; e em Porto Alegre, R$ 4,562 (veja abaixo o preço por estado).
São Paulo é uma das poucas capitais com gasolina mais barata do que a média nacional: R$ 4,095 o litro.
Se continuar em alta, a gasolina deve pressionar a inflação. O Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) tem cálculos que mostram que cada ponto percentual de subida no preço da gasolina reflete em um acréscimo de 0,04% a mais no IPCA, índice que mede a inflação oficial.
O ex-diretor da ANP e professor do Instituto de Energia da PUC-RJ Davi Zylbersztajn explica que o processo de composição do preço dos combustíveis no Brasil é "muito transparente" e que a desvalorização do real frente ao dólar somada à alta do barril de petróleo são os motivos da alta.
"A desvalorização do real pode sim encarecer a gasolina e o diesel no Brasil. Além disso, o preço do barril de petróleo está subindo", acrescenta.
Na última quinta-feira (28), a cotação do dólar chegou a superar R$ 4, com incertezas sobre a reforma da Previdência e um cenário político tenso. A moeda norte-americana está no maior patamar desde agosto.
Os dois principais tipos de petróleo, WTI e Brent, estão 33% e 26% mais caros, respectivamente, do que em janeiro.
Há também questões internacionais pressionando o preço do barril de petróleo, como as sanções dos Estados Unidos contra o Irã e Venezuela, além de cortes de oferta liderados pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), segundo informações da agência Reuters.
O professor Ernani Torres, do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), acrescenta que um acordo entre Rússia e Arábia Saudita elevou o preço do barril de petróleo, mas que a enorme produção norte-americana tem equilibrado o mercado.
"Não espero que o preço internacional [do petróleo] suba muito mais do que isso. [...] Mas no curto prazo, o Brasil tem sido afetado por essa alta do dólar gerada pela situação política, o que influencia também no preço do petróleo interno", explica Torres.
A Petrobras ressalta que é responsável por apenas 31% do preço do litro da gasolina e que o restante é participação de outros agentes, como distribuidores e postos.
Zylbersztajn pondera que o governo não tem como conter a alta, uma vez que a única maneira que teria para isso seria abrir mão de impostos, o que aumentaria ainda mais o rombo das contas públicas.
"O consumo de combustível poderia ser mais eficiente nessas horas. Você olha para as ruas e é praticamente uma pessoa por carro. É nessas horas que as pessoas precisam usar a criatividade", diz o professor.
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