21 de Setembro de 2018
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A escalada dos preços do óleo diesel fez com que os caminhoneiros paralisassem as estradas, em maio, enquanto a da gasolina provoca a indignação da população diariamente. Na ponta do lápis, no entanto, o combustível automotivo que mais encareceu no último ano foi o gás natural veicular (GNV), consumido regulamente por taxistas e motoristas de aplicativos.
Levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre os preços praticados nos postos de todo País demonstra que o metro cúbico (m³) do GNV ficou 19,6% mais caro desde setembro do ano passado. No mesmo período, a gasolina subiu 17,9%, o diesel, 12,1% e o etanol, 4,4%.
Com exceção do álcool hidratado, as altas dos combustíveis têm a mesma explicação: a política de reajustes implementada pela Petrobrás, fornecedora do insumo, que passou a acompanhar as variações do dólar e das commodities no mercado internacional. A diferença é que os reajustes do GNV acontecem trimestralmente, como definido em contrato com as distribuidoras estaduais de gás natural, fornecedoras do combustível aos postos revendedores.
A Petrobrás, em resposta, afirma que “não possui qualquer ingerência sobre os reajustes a serem praticados, devendo estes seguir os indexadores acordados, seja para aumento ou para redução de preços”. A empresa diz também que impõe aos seus clientes os mesmo indexadores impostos a ela pela Bolívia, fornecedora de parte do gás que comercializa no Brasil. A estatal também produz internamente e ainda importa o produto de outros países, por navio.
Base de cálculo
Representante das distribuidoras de gás natural, a Abegás argumenta que o preço do GNV subiu mais do que os outros no último ano por causa da base de cálculo dos reajustes, elevada no início do ano, durante a renegociação dos contratos. Além disso, a energia elétrica utilizada na compressão do combustível nos postos pesou nos custos.
Gerente de Estratégia e Competitividade da Abegás, Marcelo Mendonça reclama da presença massiva da estatal no mercado e da falta de competição entre fornecedores. Segundo ele, a importação é inviabilizada pela ausência de regulamentação que permita o acesso à infraestrutura de escoamento do gás – como os terminais de regaseificação do produto, que chega líquido no litoral, e também os gasodutos de transporte.
Na tentativa de conseguir novos fornecedores, que não sejam a Petrobrás, as distribuidoras de gás promovem uma chamada pública para contratar grande volume do combustível. “Essa é a forma que as distribuidoras têm de adquirir um gás mais competitivo”, disse Mendonça. A expectativa é que a carga seja contratada em julho do ano que vem. Mas isso só vai acontecer se a ANP aprovar a regulamentação de acesso à infraestrutura logística de gás, hoje dominada pela estatal.
Nos postos, o GNV concorre atualmente com o etanol, o mais barato entre os combustíveis. Pela pesquisa da ANP, o metro cúbico do gás está a R$ 2,843, o litro do álcool hidratado custa R$ 2,749, enquanto a gasolina desponta como a opção mais cara, a R$ 4,576/ litro.
Para rico
“Gasolina é coisa para rico, não é para taxista”, diz o presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos do Município de São Paulo (Sinditaxi), Natalício Bezerra Silva, que reclama da dificuldade de repassar a alta do GNV aos seus clientes. A revisão da tarifa é a principal pauta de reivindicação da entidade. Já o Simtetaxi, representante dos motoristas de táxis do Estado de São Paulo, afirma que o consumo do gás natural continua sendo uma opção, mas apenas para quem já investiu na instalação do kit gás. A entidade argumenta que os taxistas estão “descapitalizados” para equipar novos carros.
O Estado de São Paulo - 21/09/2018
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