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Preço pago pelo ATR está 12% menor do que no ano passado

30 de Agosto de 2017

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O preço pago pelo quilo de Açúcar Total Recuperado (ATR) está 12% menor em relação ao mesmo período do ano passado – cerca de 54 centavos –, segundo levantamento da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana).

De acordo com analista de mercado João Paulo Botelho, a queda está relacionada à expectativa de que a Europa entre com força no mercado internacional de açúcar agora que acabou o regime de cotas de exportação, que vigora no continente desde 2006.

"Além disso, existe uma expectativa de recuperação na produção da Índia depois de duas safras de quebra. Isso acabou puxando o preço do açúcar no mercado internacional para baixo, juntamente com o preço pago pelo ATR para os fornecedores de cana, que acompanha o preço do açúcar tanto no mercado internacional como no mercado doméstico, sendo o primeiro normalmente o mais decisivo", explica Botelho.

A remuneração em baixa e os custos em alta tornaram mais difícil para o produtor investir nos canaviais. Gilmar Soave, que produz na região de Rio das Pedras, interior de São Paulo, possui 600 hectares entre terras próprias e arrendadas. Desta área, 60% foi colhida. Ele conta que a produtividade está boa, mas poderia ser melhor. Devido aos custos altos, não está conseguindo reformar toda a área necessária durante o ano.

"Estamos tirando uma média de sete a oito cortes nos canaviais. Com a reforma seria no máximo seis cortes e já reformaríamos para ter produção boa. Se você pegar uma cana de 18 meses, ela chega a produzir 140 toneladas até 150 toneladas por hectare. Tem cana que é plantada de 12 meses e dá 120 toneladas por hectare. Agora, você pega uma cana de sete cortes e não consegue colher mais de 50 toneladas por hectare, porque ela está velha, já deu o ciclo", afirma Soave.

Sem poder investir o suficiente na reforma dos canaviais para aumentar o volume produzido, o agricultor adotou outras medidas para diminuir os custos, que têm sido de R$ 120 por tonelada. Soave diz que negocia os preços dos insumos diretamente com os fornecedores, faz colheita manual e optou pelo plantio de variedades diferentes, que são cortadas de acordo com a época ideal para cada uma delas.

"A quantidade de área que tenho não comporta uma colhedeira, porque é muito cara. Se for colher com máquina, eu tenho que terceirizar e piora ainda mais a situação. No manejo de variedade, a gente planta a cana para colher a safra em abril para entregar uma ATR que dê resultado. Para início de safra, a cana média e a cana tardia. Você passa a safra inteira com ATR boa para conseguir fazer alguma coisa", comenta.

Expectativa de melhora

A Petrobras anunciou uma redução de 1,8% nos preços do óleo diesel e de 0,1% na gasolina nas refinarias, a partir desta quarta, dia 29.

Além disso, Botelho explica que a perspectiva para os próximos é de que as usinas se dediquem um pouco mais à produção de etanol, que tem pagado em torno de 5% a 10% acima do mercado doméstico do Centro-Sul do Brasil, e que também deve abastecer o mercado durante a entressafra.

"Existe uma oportunidade de carregar esse produto para a entressafra. As usinas devem dedicar um pouco mais da matéria-prima para produção de etanol em detrimento do açúcar, que tem pagado preços baixos no mercado de exportação", esclare Botelho.

(Fonte: Canal Rural – 29/08/17)

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