13 de Março de 2017
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Em plena entressafra da cana-de-açúcar, em Minas Gerais, os produtores de etanol vêm registrando quedas consecutivas nos preços pagos pelo biocombustível. E o que poderia significar preços mais competitivos nos postos de gasolina não está acontecendo.
De acordo com a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), entre janeiro e 9 de março, a queda nos preços pagos aos produtores foi de R$ 0,33, por litro. Se essa perda fosse repassada para o consumidor final, poderia tornar os valores mais competitivos e incentivar o uso do produto. A tendência é de novos recuos para os produtores de etanol, que devem iniciar a colheita da cana-de-açúcar em abril.
Segundo o presidente da Siamig, Mário Campos, os preços pagos aos produtores recuaram de R$ 1,89, em janeiro, para R$ 1,56, nos primeiros nove dias de março, retração de 17,46%. Neste período, a redução nos preços para o consumidor foi de apenas R$ 0,10 por litro de etanol. A queda dos preços pagos aos produtores se deve à redução do consumo do combustível renovável e ao aumento das importações vindas dos Estados Unidos.
“A queda vem ocorrendo desde janeiro e o valor não foi repassado para o consumidor. Dos R$ 0,33 centavos que tivemos de redução, apenas R$ 0,10 foram repassados para o mercado final. Tem outros R$ 0,23 que estão na cadeia, entre as distribuidoras e os postos de combustíveis. Esta queda precisa ser repassada para as bombas e refletir o real preço pago aos produtores”, explicou Campos.
Ainda segundo Campos, a demora no repasse prejudica o setor do biocombustível, já que o etanol perde a competitividade frente a gasolina, o que reduz a demanda pelo produto. Ele explica que existe uma série de fatores que determinam a velocidade do repasse, como em Belo Horizonte, por exemplo, onde o consumo é maior e, por isso, a diferença de preços chega mais rápido. Porém, na média estadual o processo é bem vagaroso.
“O setor sucroenergético e os consumidores do etanol estão sendo muito prejudicados. É uma questão que precisa ser divulgada, porque hoje poderíamos ter um etanol bem mais barato para o consumidor. O preço médio atual para Minas Gerais é R$ 2,90 por litro, mas se o repasse acontecesse o biocombustível chegaria para o consumidor próximo a R$ 2,70. É uma diferença grande e que pode estimular o consumo”, explicou Campos.
Com os preços mais elevados, em função do período de entressafra e do não repasse das quedas de preços verificadas no campo, o consumo do etanol hidratado está menor. De acordo com os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2016 o consumo de etanol hidratado em Minas Gerais totalizou 1,44 bilhão de litros, volume 19% inferior aos 1,78 bilhão de litros consumidos em 2015.
No primeiro mês de 2017, foi verificada queda de 28,9% no uso do etanol, somando 81,3 milhões de litros. Em janeiro de 2016, o volume consumido em Minas Gerais era de 114,4 milhões de litros.
“O mercado encolheu muito em função da crise econômica e da relação de preços entre o etanol e a gasolina que está desfavorável para o biocombustível. Mas, agora, teremos o início da safra e a tendência é que os valores caiam ainda mais com o aumento do volume. Porém, não adianta nada cair o preço pago ao produtor se a diferença não for repassada para o consumidor”.
Para a safra de cana-de-açúcar 2017/18, a tendência é que o volume de cana a ser esmagado fique próximo ao registrado na safra passada, que foi estimada em 63 milhões de toneladas. Como os preços do açúcar estão elevados e a demanda mundial está aquecida, a tendência é que a produção de açúcar seja significativa na nova safra.
“Vamos começar uma safra de cana que tende a ficar estável em relação ao período de 2016/17. Teremos uma produção de açúcar significativa e nossa preocupação é que os preços do etanol fiquem desconectados do açúcar. Essa diferença de margem pode provocar menor investimentos no etanol”, explicou Campos.
(Fonte: Diário do Comércio – 11/3)
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