22 de Janeiro de 2020
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É o fim de um ciclo na Cosan. Ciclo que durou uma década, marcada pelo processo de profissionalização da gestão do grupo. Essa é a principal mensagem por trás do anúncio de mudanças de nomes no alto comando, divulgado ontem pela manhã.
Sem uma declaração explícita da parte dos acionistas da companhia, a justificativa na troca de comandantes do grupo, um dos maiores do país, é que chegou o momento de “fazer a fila andar”. Ou seja, abrir caminho para renovação de lideranças, com prata da casa assumindo posições à frente da Cosan e da Raízen, vice-líder na distribuição de combustíveis no país.
Aos 50 anos, completados no fim de dezembro, e dez à frente da companhia, Marcos Marinho Lutz deixa a presidência da Cosan a partir de 1º de abril. Para seu lugar foi alçado Luis Henrique Guimarães, atual presidente da Raízen S.A. - joint venture 50% a 50% com a anglo-holandesa Shell, desdobrada em Raízen Combustíveis e Raízen Energia. As mudanças aprovadas pelo conselho de administração foram sugeridas pelo comitê de pessoas da Cosan.
Lutz não deixa o grupo, onde ingressou em 2007, após anos de carreira na área de logística da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O executivo vai se dedicar exclusivamente aos conselhos e comitês da Cosan, “apoiando nas decisões estratégicas e na preservação da cultura corporativa”, conforme comunicado. Ele será vice-presidente dos conselhos de Rumo (ferrovia e porto), Moove (lubrificantes) e Comgás (gás canalizado), além de presidente do comitê de pessoas e do recém-criado comitê estratégico de logística, lubrificantes e gás, cuidando da estratégia e crescimento desses três negócios.
No grupo, o executivo esteve envolvido nas aquisições e consolidações de negócios - por exemplo da antiga ALL (concessionária de ferrovias, que foi incorporada pela Rumo em 2015). Lutz renuncia à presidência do conselho da Raízen, posição que passa a ser ocupada por Luis Henrique.
Durante sua gestão, Lutz comandou um ciclo “rico em experiências, criação de valor para acionistas, funcionários e a sociedade em geral”, disse uma fonte da companhia. Informou que o foco, agora, é fazer a transição funcionar bem. Nesse período, a mudança de açúcar e etanol para infraestrutura foi importante, ao mesmo tempo que trabalhou na redução de riscos e na expansão da geração de resultado operacional (Ebitda).
A escolha do presidente da Raízen para o alto comando da Cosan, segundo informações, está alinhada a importantes decisões que serão tomadas futuramente. Entre elas, a disputa, em parceria, pela compra de uma, ou mais, refinaria de petróleo da Petrobras, integrando o negócio de distribuição de combustíveis da Raízen. A empresa já opera assim na Argentina. Outro alvo de crescimento da Cosan é o setor de gás, negócio em que a empresa enxerga oportunidades de expansão.
Guimarães tem no currículo passagens em negócios da Cosan. Assumiu o comando da Raízen em 2016, depois de ter presidido a Comgás de 2013 a 2015. Antes, exerceu diversos cargos executivos no grupo Shell, dentro e fora do Brasil, por mais de 20 anos.
Na avaliação de analistas do BTG Pactual, em relatório, a escolha de Guimarães para o lugar de Lutz foi uma decisão “corajosa e positiva”, que mostra o plano da Cosan de crescer nos mercados de combustível e gás natural (armazenamento e transporte). “Embora inesperada, vemos esta mudança com uma alta dose de otimismo. Acreditamos que demonstra a robusta cultura administrativa da Cosan e a bem-sucedida profissionalização do grupo, implementada ao longo da última década”, dizem os analistas do BTG.
Na Raízen, para o lugar de Guimarães, o conselho aprovou o nome de Ricardo Dell Aquila Mussa, que atualmente é vice-presidente de executivo de logística, distribuição e trading da companhia. O executivo começou no grupo em 2007.
Durante esse período, assumiu a presidência, primeiramente da Radar, e a seguir da Moove (antiga Cosan Lubrificantes).
Outra mudança anunciada no grupo foi a sucessão do vice-presidente jurídico, Marcelo de Souza Scarcela Portela, deixa o cargo no início de abril. Ele será substituído pela atual diretora jurídica, Maria Rita de Carvalho Drummond, atuando na empresa há mais de dez anos. Portela, que assessora o grupo há mais de 30 anos, vai permanecer nos conselhos das empresas da Cosan.
Comandado pelo empresário Rubens Ometto, tendo como origem usinas de açúcar, o grupo Cosan tem negócios que vão da produção de etanol e do varejo de combustíveis a logística ferroviária e portuária, distribuição de gás e produção de lubrificantes. Em 2018, teve receita consolidada de R$ 59,68 bilhões, com Ebitda de R$ 5,1 bilhões, conforme o anuário “Valor 1000”. Foi classificada a sexta maior companhia do país, em receita, atrás de Petrobras, JBS, Vale, da própria Raízen (R$ 103 bilhões) e da Ultrapar. (Colaboraram Rita Azevedo e Ivan Ryngelblum, de São Paulo)
Fonte: Valor Econômico – 22-01
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