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Pressão contra subsídio da Índia ao açúcar

09 de Maio de 2018

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O Brasil e outros grandes exportadores de açúcar uniram forças para ampliar a pressão sobre a Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC) diante dos planos de Nova Déli de aumentar os subsídios para as exportações da commodity, conforme apurou o Valor.

Em disputa com o Brasil pela liderança na produção global de açúcar, a Índia deverá registrar aumento da ordem de 50% em sua oferta nesta safra 2017/18, para pelo menos 30 milhões de toneladas. A consultoria FCStone prevê 31,9 milhões de toneladas, com novo salto para 32,8 milhões em 2018/19, volume superior ao estimado para o Brasil (32,6 milhões).

Nesse cenário, que tem deprimido as cotações internacionais, o governo indiano voltou a oferecer subsídios às usinas do país, com a obrigação de que elas exportem ao menos 2 milhões de toneladas a mais. Isso inquieta produtores tradicionais, que temem queda ainda maior dos preços, que já estão no menor patamar em uma década.

Nesta quarta-feira, em Nova York, uma conferência internacional sobre açúcar e etanol reunirá os grandes exportadores do setor privado, e a questão indiana estará no centro da agenda.

Em Genebra, Brasil, Austrália e Tailândia, além de produtores menores, como Guatemala, questionam os indianos sobre detalhes de seus programas de incentivos. E deverão pressionar o país a respeitar os compromissos de não subvencionar as exportações. O tema inevitavelmente estará na agenda da próxima reunião do Comitê de Agricultura da OMC, no dia 11 de junho.

Além da perspectiva de que os indianos inundem o mercado com açúcar barato, outra preocupação dos brasileiros é o acesso de seu produto na União Europeia.

Nas negociações em curso com o Mercosul por um acordo de livre comércio, o bloco europeu oferece uma cota de 100 mil toneladas de açúcar com tarifa de € 98 por tonelada. Mas os produtores brasileiros sustentam que, com essa alíquota intracota, é praticamente impossível concorrer no mercado europeu.

Bruxelas até agora não dá sinal de que vá ser flexível nessas discussões. Os europeus deram uma cota de 30 mil toneladas para o México exportar para a UE, com tarifa intracota de € 49 por tonelada, no que foi considerado um sinal de que a UE não vai atender à demanda do Mercosul, que pede tarifa zero dentro das cotas.

Mas Geraldine Kutas, representante em Bruxelas da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) reage: "O que a União Europeia fez com o México não vai funcionar com o Mercosul. Se houver qualquer tarifa intracota, não ganhamos nenhum acesso ao mercado", afirma.

Ou seja, se os europeus não fizerem uma concessão melhor para o açúcar e o etanol, a negociação do acordo UEMercosul continuará complicada.

Fonte: Valor Econômico – 09/05/2018

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