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Principal cliente da Petrobras, China recupera consumo de óleo

28 de Maio de 2020

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Principal destino das exportações de petróleo da Petrobras, a China vem dando sinais de recuperação no consumo de óleo cru. De acordo com a consultoria Wood Mackenzie, a demanda chinesa pela commodity deve subir 16,3% no segundo trimestre, ante os três primeiros meses do ano, período em que o país asiático mergulhou numa crise econômica desencadeada pelas medidas de isolamento social, contra o novo coronavírus.

A expectativa é que o consumo chinês volte aos patamares de 13 milhões de barris/dia, mas ainda se mantenha 2,5% abaixo dos patamares do segundo trimestre de 2019. A recuperação mais efetiva é esperada apenas para o segundo semestre. A Wood Mackenzie prevê um crescimento de 2,3% na demanda do país asiático na segunda metade de 2020, na comparação com igual período do ano passado, para 13,6 milhões de barris.

A China respondeu, no primeiro trimestre, por 48% das exportações da Petrobras, 20 pontos percentuais a menos do que a participação chinesa nas vendas externas da estatal brasileira no quarto trimestre de 2019. Houve uma redução de 12% nas exportações da petroleira para o país asiático na mesma base de comparação, para 386 mil barris por dia.

A estatal não informa as receitas obtidas com as exportações. De acordo com dados de comércio exterior do Ministério da Economia, os embarques brasileiros para a China totalizaram, no primeiro trimestre, US$ 3,33 bilhões, uma queda de 5,4% ante igual período do ano passado. O montante corresponde, no entanto, às vendas de todo o petróleo cru produzido no Brasil, não só pela estatal.

Apesar da queda das exportações para a China, a Petrobras conseguiu compensar os efeitos da crise econômica no país asiático e aumentar as vendas para outros países. O destaque, nesse sentido, foi a Índia, que ampliou em cerca de 45 mil barris diários as compras da estatal brasileira entre o último trimestre de 2019 e os três primeiros meses deste ano, para aproximadamente 65 mil barris diários, na média. Espanha, Singapura e Coreia do Sul, por sua vez, elevaram em 40 mil barris por dia, cada, as importações da Petrobras.

Nos três primeiros meses de 2020, a estatal vendeu para o exterior, em média, 806 mil barris ao dia, uma alta de 63,15% em relação a igual período de 2019. Em abril, quando a queda da demanda se acentuou, a companhia bateu recorde de exportação de óleo cru: 1 milhão de barris - a expectativa para maio, contudo, é de queda nesse volume, à medida em que o mercado doméstico se recupera.

Os dados positivos de exportação da Petrobras, em plena contração da demanda global, mostram que o petróleo da estatal tem se mostrado competitivo no mercado. O óleo do pré-sal possui baixo teor de enxofre, especificação cuja demanda cresceu após a entrada em vigor, neste ano, da nova especificação mundial para combustíveis marítimos (IMO 2020).

Para a Wood Mackenzie, a trajetória de recuperação da demanda chinesa dependerá de como a pandemia se comportará.

“Mesmo que a China evite uma segunda onda de infecções, enquanto a pandemia permanecer em todo o mundo, o país manterá rigorosos controles nas fronteiras, restringindo a aviação. Além disso, a atual crise econômica global provavelmente terá um impacto adverso nas exportações e investimentos da China, pressionando negativamente a atividade de transporte industrial e commercial”, afirma o pesquisador Yuwei Pei, em relatório sobre o assunto.

A consultoria estima que a demanda por gasolina está se recuperando rapidamente e provavelmente voltará aos níveis do ano passado em junho. “Mais pessoas estão retornando ao escritório, após um período de teletrabalho. Além disso, o uso de carros particulares agora é visto como o modo de mobilidade mais seguro, transferindo passageiros de transporte público para carros particulares”, comenta Yuwei Pei.

A demanda chinesa por diesel, por sua vez, deve atingir 3,4 milhões de barris ao dia no segundo trimestre de 2020, 3% a menos do que o registrado em igual período do ano passado. A expectativa, no entanto, é que o consumo do derivado suba 1,2% no terceiro trimestre, na comparação anual. Já o consumo de combustível de aviação continuará caindo pelo resto do ano.

 

Fonte: Valor Econômico - 28/05 

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