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Produção de veículos cai 9% devido à crise na Argentina, diz Anfavea

05 de Julho de 2019

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A produção de veículos continua em queda por conta da retração nas vendas externas para a Argentina. Em junho saíram das montadoras 233,1 mil veículos, queda de 9% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo os dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta quinta-feira.

No acumulado do ano, no entanto, o resultado ainda é positivo. De janeiro a junho, 1,47 milhão de unidades foram produzidas, alta de 2,8 % ante um ano atrás.

Por outro lado, a venda no mercado de veículos novos continua em expansão. Em junho, foram licenciados no país 223,2 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. O volume representou um aumento de 10,5% em relação ao mesmo mês do ano passado.

No acumulado do ano, o resultado também foi positivo nesse caso. O volume de vendas de veículos novos no primeiro semestre ficou 12,1% acima do mesmo período de 2018, atingindo 1,31 milhão de unidades.

Na última terça-feira, a Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave), entidade que representa os concessionários, apontou a venda direta como responsável pelo constante crescimento nas vendas de carros no país. A venda direta representa os contratos fechados diretamente pelos fabricantes com frotistas, como locadoras de veículos.

Crise argentina afeta exportações

O resultado das exportações de veículos no Brasil continua a refletir a crise na Argentina, que representa o maior mercado externo para a indústria automobilística brasileira. Em junho foram embarcados 40,3 mil veículos, o que representou uma queda de 37,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O resultado da receita com vendas externas no mês passado foi de US$ 599,5 milhões, uma queda de 46,4% na comparação com junho de 2018.

Coincidentemente, o percentual de queda da receita no acumulado do primeiro semestre, 46,4%, foi igual ao da comparação entre os meses de junho. De janeiro a junho as exportações com veículos somaram receita de US$ 3,5 bilhões.

Diante das sucessivas quedas de volumes exportados, em consequência da crise na Argentina, a Anfavea refez as projeções de vendas externas para este ano. A entidade reduziu de 590 mil para 450 mil veículos a expectativa de volume de vendas externas em 2019, o que representa uma queda de 28,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. A previsão feita no início do ano era de uma queda de 6,5%.

Apesar de o novo cálculo indicar 140 mil veículos a menos na exportação, a entidade não refez seus cálculos para produção de 2019. Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, a entidade conta com a melhora do ambiente econômico brasileiro para vender mais internamente no segundo semestre. Ele se apoia principalmente na aprovação da reforma previdenciária. “Temos a expectativa de melhora de negócios no mercado interno, o que pode fazer com que as vendas no Brasil compensem a perda de 140 mil unidades na exportação”, destacou.

A Anfavea prevê a produção de 3,14 milhões de veículos em 2019, o que representa aumento de 9% em relação a 2018. Segundo Moraes, essa previsão pode baixar para 3 milhões. “Mas vamos esperar para ver o jogo no segundo semestre”, disse.

Queda no nível de empregos

Um total de 800 vagas foram fechadas na indústria automobilística em junho. Segundo Moraes, a redução no número de postos de trabalho foi provocada pelo fim do terceiro turno numa empresa e decisão de fechamento de uma fábrica em outra.

Moraes refere-se à decisão da Toyota de encerrar o terceiro turno na fábrica de Sorocaba, onde produz carros compactos. A montadora japonesa apontou a queda na exportação para a Argentina como motivo da decisão. A fábrica que será fechada é a da Ford em São Bernardo do Campo. A empresa já iniciou o processo de desligamento dos funcionários.

A indústria automobilística encerrou junho com 109,5 mil empregados, o que representa uma retração de 2,5% em relação há um ano.

Fonte: Valor Econômico - 04/07/2019

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