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Produtor do Centro-Oeste teme prejuízos com a tabela do frete

27 de Setembro de 2018

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A tabela de fretes fixada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), vigente após a greve dos caminhoneiros, causa apreensão entre os produtores de soja da região Centro-Oeste. Com 4,7 mil hectares de soja e dois mil hectares de milho distribuídos em três fazendas no município de Nova Xavantina, no leste de Mato Grosso, o engenheiro agrônomo Endrigo Dalcin, presidente da Dalcin Serviços Agropecuários, está pessimista em razão dos altos custos da safra a ser colhida em fevereiro e março do próximo ano.

 "Deve ser a safra mais cara da história. Normalmente, fixamos com as tradings o preço de venda em meados do ano, mas devido à greve dos transportadores, as companhias estão evitando fechar negócios", afirma o engenheiro, que chegou ao Mato Grosso, aos 11 anos, em 1985, acompanhado de sua família, dona de lavoura no Rio Grande do Sul. "Somos pioneiros em Nova Xavantina", afirma.

Além de produtor de soja e milho, Dalcin controla uma estrutura que conta com um armazém geral, 15 caminhões próprios e uma equipe de agrônomos, que prestam consultoria a terceiros. Os caminhões atendem tanto às necessidades da empresa - transporte de grãos aos armazéns e de insumos para o campo - como os produtores de menor porte.

O principal gargalo é a logística. "As tradings sugeriram que eu utilizasse minha frota até o terminal ferroviário de Uberaba (MG), a 900 km de distância, mas na época da colheita, meus caminhões devem estar ocupados. Se contratar caminhões de terceiros para entrega, terei de pagar a tabela da ANTT", diz.

Até a eclosão da greve dos caminhoneiros, Dalcin estava otimista. "Em abril, a saca de 60 kg estava cotada a R$ 71 e o câmbio em R$ 3,60 devido às expectativas da safra nos EUA". Com o movimento grevista, houve a perda do final de estoque nos armazéns e atrasos no transporte de insumos. Nem mesmo a alta do dólar compensou os prejuízos. "Sem explicações, o preço do adubo subiu entre 20% e 30%, em dólar" lamenta.

Apesar dos obstáculos, Dalcin conseguiu fechar o preço da saca da soja convencional (sem modificação genética) a R$ 80, o que precificaria a saca da soja transgênica em torno de R$ 72, o que vem sendo postergado pelas tradings, normalmente responsáveis pelo transporte até os portos.

A soja convencional é tradicionalmente mais cara pelos riscos no plantio.

Valor Econômico – 27/09/18

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