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Produtores de biodiesel propõem flexibilizar entrega a distribuidoras

06 de Abril de 2020

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Os produtores de biodiesel aceitam que as distribuidoras possam retirar neste mês menos biodiesel do que o previsto no leilão de contratação para este bimestre (março e abril), mas não concordam com eventual não pagamento por volumes não retirados, afirmou ao Valor o presidente da Associação dos Produtores de Biocombutíveis do Brasil (Aprobio), Erasmo Carlos Battistella. A associação reúne 10 empresas do setor.

Atualmente, as distribuidoras podem deixar de retirar das fábricas de biodiesel até 5% do volume de biodiesel contratado nos leilões (95% de retirada mínima obrigatória) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Diante da redução da demanda esperada para abril, a Aprobio aceita que o percentual mínimo de retirada de biodiesel seja reduzido para algo entre 90% a 80%, dependendo da região.

A posição foi apresentada nesta tarde a representantes do Ministério de Minas e Energia (MME), em reunião virtual.

A redução da demanda por diesel tem sido menos acentuada que a de combustíveis para veículos leves (ciclo Otto). A diminuição do consumo por ônibus metropolitanos, que estão com circulação reduzida, está sendo parcialmente compensada pelo aumento da demanda no agronegócio, com uma demanda forte para transportar a safra volumosa de grãos que está sendo colhida.

Segundo Battistella, enquanto em algumas regiões do país as vendas de diesel caíram menos de 10% desde o início das medidas de isolamento social, em outras houve reduções de até 30%.

Para ele, considerando que os decretos de restrição a movimentação vencem em meados de abril, a redução máxima de retirada de biodiesel por parte das distribuidoras deve ser de 15% a 20%.

A Aprobio também se posicionou contra outra demanda das distribuidoras, pela realização de um leilão complementar de compra de biodiesel, em caso de uma retomada que demande maior oferta do produto.

Segundo Battistella, um novo leilão seria “um motivo grande para ter desequilíbrio de preço em mercado onde as margens são apertadas”. Ele argumentou ainda que os leilões também preveem uma retirada 5% maior que os volumes contratados e que a Aprobio aceita flexibilizar esse percentual em mais 5%.

O dirigente criticou ainda a postura das distribuidoras de combustível nesta crise, dado que algumas ainda chegaram a pedir a suspensão das metas do RenovaBio para este ano, como a BR Distribuidora.

“Nós da indústria do biodiesel não ficamos muito insatisfeitos com a atuação do setor de distribuição. Parece que o momento está sendo utilizado para rasgar a pauta ambiental, que é tão importante e que está sendo conduzida pelo governo com muita competência e compromisso pelo ministro de Minas e Energia, pela secretária de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e pelo Departamento de Biocombustíveis”, ressaltou o presidente da Aprobio.

O executivo disse ainda que não vê redução da demanda por biodiesel no leilão para o próximo bimestre porque espera uma retomada da atividade econômica já em maio. “Teoricamente, para maio, teremos uma atividade que, se não estiver 100%, porque o grupo de risco precisa de cuidado, uma atividade próxima dos 100%. Não enxergamos motivo para esse leilão que vai acontecer para suprir meses de maio e junho ter volume menor”, sustentou.

Ele disse esperar um volume de contratação próximo do último leilão, quando foram negociados 1,123 bilhão de litros. O leilão para o próximo bimestre (L-72) ocorrerá na semana que vem.

 

Fonte: Valor Econômico - 03/04

 

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