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Projeções para o agronegócio brasileiro entre 2016 e 2026

11 de Janeiro de 2017

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As indústrias vinculadas ao agronegócio têm uma expressiva participação na economia do País, representando 39% do PIB do setor. Desde 2007, com a criação do Departamento do Agronegócio da Fiesp (Deagro), a Federação desenvolve pesquisas e estudos estratégicos relacionados aos principais segmentos da cadeia produtiva, dos insumos agropecuários às indústrias de alimentos.

Entre esses estudos está o "Outlook Fiesp 2026 - Projeções para o Agronegócio Brasileiro", que reúne diagnósticos e informações do setor para a próxima década, em termos de produção, consumo doméstico e exportações.

De acordo com os últimos resultados divulgados, o desempenho do agronegócio brasileiro no período de 2016 a 2026 será melhor do que a média mundial para produtos importantes, como soja, milho, açúcar e carnes (bovina, suína e frango).

Apesar disso, o País não repetirá para os próximos dez anos a robusta taxa de crescimento da última década em relação à produção e às exportações das principais culturas. O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, lembra que, atualmente, 60% das exportações do setor passam por algum tipo de industrialização. "Precisamos abrir novos mercados, como o asiático, para aumentar essa proporção".

De acordo com o Outlook Fiesp 2026, a participação de mercado do Brasil nas exportações mundiais de soja, por exemplo, chegará a 49% em 2026, com crescimento anual de 4,6%, acima dos 2,7%, em média, dos demais produtores do mundo.

A projeção para o milho é de um crescimento annual de 8,8%, com a participação nas exportações mundiais indo a 23% ao final do período projetado. Para a safra 2025/2026, estima-se aumento de 21% no consumo interno, puxado pelo setor de proteínas animais.

No caso do açúcar, em dez anos o País será responsável por metade do que é comercializado internacionalmente, com taxa de crescimento de 2,2% ao ano.

Vale destacar que 2016 foi um ano de recuperação para o setor, impulsionado pela alta do preço do açúcar, em razão do desequilíbrio ocorrido no quadro de suprimento global desse produto.

Segundo o gerente do Deagro, Antonio Carlos Costa, 2017 também pode marcar o início da recuperação para o mercado das carnes, como a de frango e a suína, que enfrentaram uma "tempestade perfeita" em 2016, com aumentos históricos dos custos de produção e estagnação do consumo por conta da redução do poder de compra da população brasileira.

Os prejuízos acumulados nesse elo da cadeia produtiva devem chegar a R$ 4 bilhões até o final do ano, segundo dados da Fiesp. A carne bovina, cuja demanda doméstica foi afetada pela crise econômica, registra o pior consumo per capita em 15 anos.

O gerente do Deagro explica que o agronegócio já mostrou que não está blindado contra o que ocorre na economia brasileira, já que a queda na renda e na confiança do consumidor atingem o consumo de alimentos mais elaborados. A situação fiscal do País também lança um enorme desafio para a política agrícola - especialmente para o crédito e o seguro rural, fundamentais para assegurar o desempenho futuro.

A redução de empréstimos impacta os investimentos, com consequências para a produtividade das lavouras. Além disso, o ponto de equilíbrio do câmbio e o possível surgimento de uma onda protecionista trazem novas preocupações no curto prazo.

"Para o país que detém o maior superávit comercial do agronegócio do mundo, movimentos protecionistas são ruins por princípio. No entanto, temos que estar atentos a oportunidades, mesmo com esse horizonte, como uma maior aproximação com mercados que venham a ser preteridos no processo", conclui Costa.

(Fonte: Revista Globo Rural – 11/01)

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