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Proposta para cálculo do diesel ameaça abastecimento, diz Petrobras

20 de Agosto de 2018

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A Petrobras vê riscos de prejuízo com a nova metodologia proposta pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para cálculo dos preços de referência do diesel a partir de 31 de agosto. Segundo o gerente-executivo de comercialização e marketing da estatal, Guilherme França, a nova regra sugerida pelo órgão regulador traz riscos de abastecimento ao mercado.

O gerente destaca que a metodologia sugerida pela ANP não remunera todos os custos envolvidos na importação do derivado. A Petrobras estima que, com o método sugerido, os novos preços de referência, utilizados como base de cálculo dos valores devidos às empresas no programa de subvenção do diesel, ficarão abaixo dos vigentes nas duas primeiras fases do programa.

“Não vemos como ter racionalidade econômica [com os novos preços de referência… Tenho dúvidas se, com a governança atual da companhia, eu teria autorização para importar com esse risco grande de prejuízo”, disse França, durante audiência pública da ANP.

O gerente destacou que as novas regras de cálculo dos preços de referência devem desistimos as importações por terceiros, num momento de pico da demanda, entre setembro e outubro.

“Isso traz um potencial risco de desabastecimento”, afirmou.

 A ANP realizou hoje audiência para debater a metodologia de cálculo dos preços de referência, que é fixado pela agência de acordo com as cotações internacionais, a partir do qual o governo calcula o quanto deve para cada empresa.

Como parte das negociações para encerrar a greve dos caminhoneiros, em maio, o governo anunciou a criação de um programa de subvenção do diesel e prometeu uma redução de R$ 0,46 no valor do litro do derivado vendido às distribuidoras até o fim do ano. Esse desconto seria assegurado por meio do corte de impostos (Cide e PIS/Cofins), num montante de R$ 0,16 por litro, e através de uma subvenção paga pelo Tesouro Nacional para que os produtores e importadores reduzissem em R$ 0,30 o preço do litro do diesel vendido para as distribuidoras.

Investimentos

A metodologia também foi criticada pelo presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, que vê aprofundar a defasagem dos preços praticados no mercado brasileiro, durante o programa de subvenção do governo, em relação à paridade de importação.

Segundo ele, as novas regras de cálculo do subsídio devem afugentar importadores, com consequências para o médio e longo prazo.

“Não dá para fazer investimentos com essa insegurança… Podemos estar condenando o Brasil a crescer menos em breve, porque empresas não investirão em refino e terminais para importação”, disse o executivo durante audiência pública da ANP sobre a nova metodologia de cálculo do preço de referência.

Fonte: Valor Econômico -  20/08/2018

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