27 de Novembro de 2018
Notícias
O consumidor ainda não sentiu no bolso a redução de 32,9% feita pela Petrobras no preço da gasolina nas refinarias desde 25 de setembro. No Rio de Janeiro, por exemplo, o combustível vendido nos postos caiu, em média, apenas 1,5%, passando de R$ 5,056 por litro na semana de 23 a 29 de setembro para R$ 4,978 por litro entre os dias 18 e 24 de novembro, de acordo com o levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
No país, 20 unidades da federação reduziram o valor em um ritmo maior que o Estado do Rio. A maior queda ocorreu no Distrito Federal, com recuo de 7%, para R$ 4,518, na mesma comparação. Já no Amazonas houve alta de 2,3% no período, para R$ 4,861.
De acordo com especialistas, o aumento de margens de lucro por distribuidoras e postos revendedores e a carga tributária, especialmente o ICMS, são os principais fatores que impedem a redução nas refinarias de chegar às bombas na mesma proporção.
No Rio, o valor de referência da gasolina usado para calcular o pagamento de ICMS, que é definido pelo governo do Estado do Rio, vem aumentando desde o fim de setembro, ao contrário da cotação do produto na refinaria. Esse valor de referência passou de R$ 4,875 por litro, na primeira quinzena de setembro, para R$ 5,068, na última quinzena de novembro. Ou seja, o preço cai na refinaria, mas a mordida do imposto, não.
RECUPERAÇÃO DE MARGENS
Ontem, a Petrobras anunciou mais uma redução para o preço da gasolina nas refinarias. A partir de hoje, o valor cobrado dos distribuidores será de R$ 1,5007. É uma queda de 3,52% em relação ao patamar anterior, de R$ 1,5556. Será assim o 17º recuo consecutivo feito pela estatal. Os preços começaram a cair em 25 de setembro, quando a gasolina tinha preço de R$ 2,2381. A correção para baixo faz parte da política da Petrobras de repassar para o consumidor as oscilações da cotação do petróleo no mercado internacional. Desde 25 de setembro, o barril de petróleo do tipo Brent teve queda de 26%, passando de US$ 81,87 para US$ 60.
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, destaca que a parcela da refinaria no preço do combustível no país é de apenas 27% do total, bem menor que os 80% nos EUA. Para o consultor do setor de combustíveis Luiz Henrique Sanches, o consumidor ainda não sentiu a queda na bomba porque postos de combustíveis e distribuidoras estão tentando recuperar suas margens de lucro como forma de mitigar as perdas decorrentes da queda no consumo de combustíveis com a economia em marcha lenta:
— Distribuidoras e postos estão se aproveitando claramente e se apropriando de margens. Os postos estão passando por dificuldades.
Leonardo Gadotti, presidente da Plural, que reúne as distribuidoras de combustíveis, nega que o setor esteja se apropriando de margens. Segundo ele, a redução de preços nas refinarias não é imediata:
—Quem faz preço é o mercado, e o mercado é livre. Não existe apropriação de margens. A médio prazo o mercado vai refletir essa redução nas refinarias.
Cida Schneider, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindicomb), lembra que o ICMS no estado é o maior do país, com alíquota de 34%:
— Os postos são o último elo de uma cadeia de preços livres e, por isso, dependem do repasse dos elos anteriores. O ICMS é R$ 1,75 do preço da gasolina. Ao todo, no Rio, 50% do preço na bomba são de impostos.
A Secretaria de Fazenda do Rio disse que o preço médio é calculado com base nos valores praticados pelos postos.
O Globo - 27/11/2018
Veja também
18 de Abril de 2024
Futuro do setor bioenergético brasileiro é tema de debate da Revista CanaOnlineNotícias
18 de Abril de 2024
Brasil apoia iniciativa indiana para sediar Aliança Global de BiocombustíveisNotícias
18 de Abril de 2024
Produtores brasileiros de etanol podem ser os primeiros beneficiados da indústria de SAFNotícias