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Queda global da demanda por petróleo ultrapassa corte na oferta em maio, diz AIE

15 de Maio de 2020

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Os bloqueios da atividade econômica por causa do novo coronavírus causarão outro golpe na demanda por petróleo em maio, mesmo quando os produtores implementarem o maior corte mensal de produção já registrado, informou a Agência Internacional de Energia (AIE) nesta quinta-feira.

Em seu relatório mensal de mercado, a AIE disse que a demanda mundial por petróleo cairá 21,5 milhões de barris por dia neste mês, enquanto países e empresas produtoras de petróleo reduzirão a produção em 12 milhões de barris por dia.

“As economias domésticas sofreram um grande choque, muitas empresas entraram em colapso e o desemprego saltou para um nível nunca visto desde os anos 1930”, disse a organização sediada em Paris.

 “O colapso do comércio mundial, as interrupções nas cadeias de suprimentos globais, a fuga para a segurança nos mercados financeiros e uma queda acentuada na confiança dos consumidores e das empresas devem afetar a atividade econômica futura”.

A agência estima que os bloqueios implementados na economia afetaram cerca de quatro bilhões de pessoas em todo o mundo este ano, pressionando a demanda por derivados de petróleo refinados, como gasolina e combustível de aviação. Porém, a mobilidade acima do esperado nos países desenvolvidos e o relaxamento gradual das medidas de isolamento levaram a AIE a suavizar levemente suas previsões mais sombrias a partir do mês passado.

A agência disse que espera que a pandemia reduza o PIB global em pouco mais de 4% em 2020, uma previsão um pouco menos agressiva do que em seu relatório anterior, embora tenha acrescentado que um ressurgimento potencial da covid-19 continua sendo “um importante fator de risco para a demanda”.

A AIE também reduziu suas previsões para a gravidade do impacto que os bloqueios terão na demanda global de petróleo neste ano e neste trimestre financeiro. A demanda global anual de petróleo cairá em 2020 em 8,6 milhões de barris por dia, ou 9%, enquanto a demanda no segundo trimestre cairá em 20%, segundo o relatório.

Uma lenta redução nas medidas de isolamento e um esforço coordenado dos produtores para reduzir a produção levaram a uma alta nos preços do petróleo nas últimas semanas, após o colapso do mercado devido à ansiedade em torno do excesso de oferta crônica e à falta de locais de armazenamento.

Os estoques globais continuaram a aumentar em abril, com os estoques da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fornecendo "incríveis" 90 dias de cobertura de demanda a prazo, enquanto os estoques dos EUA subiram mais de 50 milhões de barris no mesmo mês.

A preocupação de que o excesso de oferta nos EUA exceda a capacidade do país de armazenar petróleo fez com que o preço futuro do petróleo caísse abaixo de zero no mês passado, com os vendedores pagando aos compradores da commodity.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados concordaram com uma redução histórica da produção, mas isso ocorreu depois que grandes produtores, como a Arábia Saudita, produziram níveis recordes em abril, em uma guerra de preços com a Rússia.

Enquanto países não membros do cartel, liderados pelos EUA e Canadá, estavam produzindo três milhões de barris a menos de petróleo por dia em abril do que no início do ano, o aumento da produção no Golfo Árabe mais do que compensou essa perda, segundo a AIE.

 

Fonte: Valor Econômico – 14/05

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