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Queda na demanda pode tirar novo vigor do petróleo

16 de Dezembro de 2016

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Ainda que a cotação do barril de petróleo tenha subido com o acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para reduzir a oferta, a queda na demanda poderia voltar a derrubar os preços.

Depois de anos de forte expansão impulsionada por preços baixos e pelo apetite crescente da Ásia, a demanda de petróleo no ano que vem poderá registrar seu aumento mais lento desde 2014, de acordo com analistas.

Isso pode anular a alta expressiva provocada pela decisão da Opep, e de outros grandes produtores, de cortar a produção mundial em cerca de 2%.

Em economias emergentes como a China, a demanda de petróleo não está crescendo no ritmo que já cresceu. Analistas também esperam que o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos afete a demanda em mercados emergentes, cujo consumo do petróleo bruto historicamente cai com juros mais altos nos EUA.

Além disso, a alta recente nos preços do petróleo pode ser um tiro no próprio pé, pois o custo maior frearia o consumo.

Certos analistas acreditam que se os membros da Opep mantiverem a decisão, o acordo poderia fazer o preço do barril chegar perto de US$ 60 em 2017, valor não registrado desde julho de 2015. O barril de Brent, a referência mundial, fechou ontem com alta de 0,22%, a US$ 54,02.

O consumidor, que se acostumou a mais de dois anos de combustível barato, pode começar a sentir a alta nos postos de gasolina. Nos EUA, o preço médio da gasolina poderia subir de US$ 0,05 a US$ 0,08 no próximo ano, do atual nível de pouco mais de US$ 0,50 por litro.

Em diversos estados, o litro podia chegar a US$ 0,80 no meio do ano, disse Patrick DeHaan, analista sênior de petróleo da GasBuddy, que fornece informações sobre preços do combustível. "O motorista não deve esperar uma repetição dos preços baixos vistos durante o primeiro trimestre do ano", disse.

Mesmo antes da recente recuperação do petróleo, expectativas de crescimento da demanda entre analistas não eram otimistas. A Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou na terça (13) que a demanda mundial de petróleo no ano que vem deve crescer em 1,3 milhão de barris por dia, contra 1,4 milhão este ano e 1,9 milhão em 2015.

Para certas instituições, até essa expectativa é otimista demais. A própria Opep prevê que a demanda do petróleo subirá 1,15 milhão de barris por dia no próximo ano.

A maior influência provavelmente virá da China. O país vinha aumentando os estoques de petróleo nos últimos dois anos para aproveitar os preços baixos .

Mas com a alta dos preços e reservas estratégicas em níveis máximos, a atividade compradora da China pode desacelerar.

Michal Meidan, analista da consultoria Energy Aspects para a Ásia, calcula que a China tenha acrescentado cerca de 120 milhões de barris à reserva este ano, número que, segundo ele, poderia cair para 80 milhões de barris em 2017.

Tudo isso seria um problema para a Opep e para a recuperação da cotação do petróleo, que já enfrenta o risco de que a alta nos preços produza um aumento na produção e oferta do xisto nos EUA. "Se a oferta, o consumo ou os estoques reagirem depressa demais ao novo cenário, o ganho da Opep a curto prazo poderia se converter em perda no longo prazo", afirma a análise do Bank of America Merrill Lynch.

(Fonte: The Wall Street Journal – USA – 16/12)

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