26 de Janeiro de 2017
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Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram um estudo para reuso da areia contida na cinca do bagaço de cana (ACBC), que é queimado na caldeira, obtendo duas importantes inovações: a simplificação desse processo de transformação e seu uso na construção civil, substituindo parcialmente a areia retirada do meio ambiente para a produção de concreto.
Um dos reusos para a areia da cinza do bagaço de cana-de-açúcar pesquisado atualmente é a transformação deste material em cimento. Porém, este processo implica em longos períodos de moagem e altas temperaturas para queima (calcinação), o que o torna demorado e de alto custo.
Na pesquisa da UFSCar, foi utilizado um processo simples e de menor custo. Nele, a ACBC passa por uma etapa de peneiramento – que pode ser manual – e uma moagem de apenas três minutos visando a padronização granulométrica das partículas, ou seja, para que elas fiquem com tamanho próximo ao da areia natural. Este processo transformou a ACBC em areia que pode ser utilizada na construção civil, especificamente na composição de concretos, vigas, entre outros materiais. A areia resultante deste processo pode substituir em até 30% a areia retirada da natureza, o que significa a redução do uso da areia natural e, consequentemente, a diminuição do impacto ambiental.
Por ser mais fina, a nova areia permite "fechar" os pequenos poros (abaixo de 150 micrômetros), o que diminui a porosidade do concreto quando comparado ao concreto convencional, resultando em uma maior durabilidade do produto. "Com menos poros e menos espaços vazios, menor é a possibilidade de degradação do material", explica o mestre em Estruturas e Construção Civil pela UFSCar e responsável pelos estudos, Fernando do Couto Rosa Almeida. Testes também mostraram maior resistência do concreto em "ataques" de cloretos em armaduras (ferros de construção).
A pesquisa foi descrita no artigo "Sugarcane Bagasse ash sand (SBAS): Brazilian Agroindustrial by-product for use in mortar", de autoria de Almeida, e publicado no periódico Construction Building Material. O trabalho foi o vencedor do Prêmio Capes-Natura Campus de Excelência em Pesquisa 2015, no tema Sustentabilidade: novos materiais e tecnologias. A pesquisa de mestrado, que serviu como base para o artigo, foi orientada por Almir Sales, docente do Departamento de Engenharia Civil (DECiv) da UFSCar, e realizada no âmbito do Grupo de Estudos em Sustentabilidade e Ecoeficiência em Construção Civil e Urbana (GESEC), liderado por Sales, e que estuda esta temática há 10 anos.
(Fonte: Bonde News – 26/01)
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