16 de Dezembro de 2016
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A economia do agronegócio brasileiro deverá ter um ano positivo em 2017, com crescimento da receita e dos negócios com commodities em função de uma safra recorde que beneficia as exportações e a produção de proteína animal no país, além de uma possível recuperação do poder de compra dos consumidores, disseram especialistas e lideranças do setor.
O grande motor da economia agropecuária do país no próximo ano deverá ser uma safra recorde de grãos que atingirá 213 milhões de toneladas no ciclo 2016/17, cujas colheitas começam já no primeiro trimestre do ano que vem. Se confirmada, a produção de grãos, puxada por soja e milho, será 14% maior que a registrada na temporada anterior, quando a seca afetou fortemente as produtividades, especialmente do cereal.
Outro segmento que poderá contribuir com os resultados do agronegócio é o da produção de açúcar. Apesar de uma possível safra menor de cana no centro-sul, principal região de plantio, as usinas deverão elevar o volume fabricado do adoçante. Consultorias estimam também que um grande volume de negócios já foi fechado para entrega ao longo de 2017, com vendas a preços bastante elevados.
A entrega de fertilizantes para produtores rurais em 2016 até novembro apresenta alta de 11% e caminha para fechar o ano com volume recorde. O maior uso de adubos é um forte indicativo de investimento dos agricultores em tecnologia e de boas produtividades na nova safra.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne as grandes empresas de aves e suínos, projeta um crescimento de 3 a 5% na produção de carne de frango no país em 2017 e de 2% na produção de carne suína.
Já no setor de carne bovina, "a gente deve ter uma oferta maior de carne e boi no ano que vem, por conta do ciclo da pecuária e da diminuição do número de animais confinados", projetou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, sem detalhar uma previsão de volume de produção para 2017.
Especialistas também disseram que a melhora na condição financeira de empresas e famílias deverá aumentar o volume de depósitos bancários à vista e provocar queda do endividamento, o que poderia gerar crescimento na oferta de crédito rural.
Apesar de uma perspectiva sólida de aumento de produção nas fazendas, ainda há incertezas sobre outros fatores que afetam diretamente o agronegócio, como o câmbio e a política.
"Hoje a questão política tem um peso extraordinário nas questões econômicas. Estamos vivendo uma crise política de uma dimensão impressionante. O fator mais difícil para 2017 é a imprevisibilidade", disse o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Caio Carvalho.
Economistas de instituições financeiras estimam que a inflação do país (IPCA) deverá cair para 4,9% em 2017 ante 6,52% em 2016. O Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá 0,7% no ano que vem, ante retração de 3,48% no fechamento deste ano.
"O agronegócio tem um cenário bem satisfatório para um ano em que a economia (do país) vai andar de lado. Não é que o agronegócio vai ficar imune, é que ele tem um pouco de regras próprias", avaliou Silveira, da MacroSector.
Um dos fatores que mais influencia a receita de produtores e indústrias do setor agropecuário é o câmbio, já que os principais produtos são commodities com preço atrelado ao mercado internacional.
"Se tiver uma desvalorização rápida na nossa moeda, nosso preço pode subir. A probabilidade de isso acontecer é menor, mas pode acontecer. Câmbio é algo para se ficar atento", disse o vice-presidente-executivo da entidade, Ariovaldo Zani, destacando que uma subida inesperada nos preços de grãos poderia ser benéfica para agricultores, mas prejudicar produtores de aves, suínos e confinadores bovinos, além de sacudir a previsão financeira das grandes tradings.
De acordo com a pesquisa Focus, o dólar, que deverá fechar 2016 em 3,39 reais, poderá encerrar 2017 em 3,45 reais. Na opinião com os especialistas em agronegócio, este patamar cambial deverá ser suficiente para garantir boa rentabilidade ao setor.
"Em termos de preços (em reais) não vejo grandes elevações. Os volumes (produzidos) farão a diferença", completou Silveira.
(Fonte: Reuters – 15/12)
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